Mulheres na Engenharia: presença, desafios e liderança
Com a chegada de 23 de junho, o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia não se limita à celebração. É também um convite à análise: onde estamos e para onde queremos ir?
Neste blog, reunimos dados atualizados, exemplos de engenheiras brasileiras que ocupam posições de destaque e três habilidades que podem consolidar trajetórias técnicas com mais impacto e visibilidade.
Dia Internacional das Mulheres na Engenharia
O Dia Internacional das Mulheres na Engenharia, celebrado em 23 de junho, foi instituído em 2014 pela Women’s Engineering Society (WES), do Reino Unido. A escolha da data faz referência à fundação da própria WES, em 1919, no pós‑Primeira Guerra Mundial, quando mulheres passaram a atuar em áreas técnicas enquanto os homens estavam no front.
Com o fim da guerra, muitas engenheiras foram pressionadas a deixar seus cargos. A criação da WES teve como objetivo garantir que elas continuassem atuando. Mais de um século depois, a desigualdade de gênero na engenharia persiste e essa data busca reconhecer contribuições, ampliar visibilidade e reforçar a permanência das mulheres na profissão.
Em sua 12ª edição, o evento de 2025 adota o tema #TogetherWeEngineer, com o foco em colaboração e presença feminina em áreas ainda dominadas por homens, como elétrica, civil, mecânica e produção. A data é reconhecida por empresas, universidades e entidades profissionais em mais de 100 países.
Panorama atual das mulheres na engenharia
Dados no Brasil
- Em 2022, aproximadamente 32 % das matrículas em cursos de graduação de Engenharia, Manufatura e Construção (EMC) no Brasil eram de mulheres; entre as formadas, esse índice chegou a 35 %;
- Na pós-graduação, essa participação sobe: 41 % das matrículas e 44 % das formandas nos cursos de mestrado em EMC em 2022 eram mulheres.
Dados globais
- No Reino Unido, segundo o relatório de maio de 2025, 16,9 % dos profissionais da área de engenharia e tecnologia são mulheres;
- Nos Estados Unidos, de acordo com dados de 2023, cerca de 16 % dos engenheiros e arquitetos são mulheres.
Em países em desenvolvimento, a participação feminina é frequentemente maior em graduação:
- Brasil, América Latina e Caribe: cerca de 41 % das graduadas em áreas STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics)são mulheres, acima da média global (~38 %);
- Países da Ásia Central (ex: Cazaquistão, Azerbaijão): entre 46–50 % dos pesquisadores são mulheres .
Nações islâmicas e África Subsaariana:
- Indonésia: 48 % das engenheiras;
- Irã, Omã, Arábia Saudita, Uzbequistão: mais de 50 % das graduadas em engenharia são mulheres;
- Em alguns países da África Subsaariana (Moçambique, Tunísia), as graduadas em engenharia são 41–44 %;
- Paquistão: apenas 4,9 % dos cargos de engenharia ocupados por mulheres, revelando forte desigualdade.
Estímulo e inspiração: engenheiras brasileiras
Maria Cristina Dias Tavares
Engenheira elétrica pela UFRJ e professora titular na Unicamp desde 2023. Em 2024, tornou-se IEEE Fellow pelos avanços no reclosing automático de linhas de transmissão. Seu trabalho impacta diretamente a confiabilidade da rede elétrica brasileira.
Cristina Junqueira
Formada em engenharia de produção pela USP, fez MBA na Kellogg (EUA). Co‑fundadora do Nubank (2013), é hoje Chief Growth Officer da fintech. Em 2024 foi reconhecida como uma das 25 mulheres mais influentes pelo Financial Times.
Fernanda G. Weiden
Engenheira e administradora de sistemas, com mais de 20 anos de carreira no Google e Facebook. Desde janeiro de 2022, é CTO da VTEX, liderando Engenharia, Produto e Design, e promovendo escalabilidade global na empresa.
Tânia Cosentino
Engenheira elétrica pela USP, presidiu a Schneider Electric Brasil (2009‑13) e América Latina (2013‑18). Desde 2019, é presidente da Microsoft Brasil, reconhecida pela ONU por liderar iniciativas em sustentabilidade e inclusão.
Liedi Bernucci
Engenheira civil especializada em geotecnia e pavimentação, Liedi foi a primeira mulher a assumir a diretoria da Escola Politécnica da USP (2018–2022). Professora titular, liderou inovações no currículo e publicou referência em “Pavimentação Asfáltica”.
3 habilidades que fortalecem a carreira de engenheiras
1. Liderança com foco em engenharia
A presença técnica não é suficiente para avançar em cargos estratégicos. Engenheiras que desenvolvem competências de liderança em projetos, tomada de decisão e comunicação com diferentes áreas se destacam. Essa habilidade amplia o campo de atuação, incluindo gestão de equipes, coordenação de obras ou inovação tecnológica.
Redes como SWE (Society of Women Engineers), o grupo Elas na Engenharia e movimentos como #TogetherWeEngineer reforçam essa dimensão. Participar de espaços coletivos, trocar experiências e construir visibilidade contribui para acelerar o crescimento, fortalecer vínculos e aumentar o acesso a posições de decisão. O suporte entre pares impulsiona o protagonismo técnico e ajuda a consolidar trajetórias em ambientes ainda marcados por desigualdade.
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O curso gratuito Fundamentos de Gestão e Liderança da FM2S é uma ótima oportunidade para engenheiras que desejam desenvolver habilidades de coordenação, tomada de decisão e comunicação com diferentes áreas.
2. Atualização contínua em tecnologias emergentes
As engenheiras mais valorizadas acompanham mudanças em automação, energia limpa, análise de dados e inteligência artificial. A formação técnica sólida precisa ser complementada por cursos, certificações e participação em projetos aplicados. O aprendizado precisa ser constante não como obrigação, mas como resposta a um setor em transformação.
3. Resolução de problemas com raciocínio sistêmico
Engenheiras que se destacam costumam analisar problemas além do sintoma imediato. O raciocínio sistêmico permite enxergar relações de causa e efeito, entender impactos cruzados entre áreas e propor soluções viáveis a longo prazo. Essa abordagem fortalece a confiança técnica e amplia a capacidade de atuação em projetos de infraestrutura, sustentabilidade ou transformação digital.
Essa habilidade é também um diferencial para cargos de coordenação técnica e tomada de decisão, especialmente em contextos onde a engenharia se conecta com áreas como meio ambiente, tecnologia e negócios.
Engenharia, melhoria contínua e protagonismo feminino
As engenheiras que atuam com melhoria de processos, qualidade e inovação organizacional têm ampliado sua presença em setores estratégicos. Ao aplicar ferramentas como Lean Seis Sigma, gestão da produção e análise de dados, essas profissionais se tornam peças-chave na transformação de ambientes industriais e corporativos.
Em cargos técnicos ou de coordenação, elas conduzem diagnósticos, estruturam planos de ação e integram áreas como manutenção, engenharia de processos e logística. A formação em engenharia oferece a base analítica. A aplicação de métodos consolida o protagonismo.
Na FM2S, é comum ver engenheiras que buscam certificações em Belt, assumem a frente de projetos de melhoria e lideram a mudança de cultura operacional em suas empresas. O impacto dessas iniciativas vai além da eficiência: fortalece a tomada de decisão baseada em dados e amplia o espaço de liderança feminina em ambientes técnicos.
Cada mulher que escolhe, permanece e se destaca na área contribui para um futuro mais técnico, justo e inteligente. O Dia Internacional da Mulher na Engenharia é um lembrete de que os avanços são reais, mas o caminho ainda exige esforço coletivo. Se você está nesse campo ou pretende entrar, este é o momento de liderar, inovar e deixar sua marca. A engenharia precisa de você e está cada vez mais pronta para reconhecer isso.