Melhoria de Processos

16/05/2016

Última atualização: 25/01/2023

5S: o que esta técnica me ensinou sobre aprendizado

5S: como aplicar?


Lendo alguns posts no  Linkedin, mensagens no Facebook e vídeos que me propagandeia pela internet, fico preocupado com o 5s. Parece-me, ao ser bombardeado por histórias de sucesso, que alcançá-lo plenamente, desde ser magro a construir uma empresa milionária, é somente uma questão de desejo e acesso as informações certas. Todo o tempo que empreguei ao estudo, análise, testes, trabalho duro e batidas de cabeça, não são mais necessários se eu começar a seguir o que alguns gurus falam em vídeos de 15 minutos ou palestras de 4 horas. No Green Belt falamos muito sobre este tema.



Das dicas do livro “O Segredo” aos vídeos e histórias sobre como lista de tarefas banais mudaram a vida de pessoas por completo, fico cada vez mais preocupado com a nação que estamos criando. Uma nação que se constitui em vendedores de informações falsas que alimentam sonhos que já nascem frustrados de um lado e, compradores de esperança e promessas milagrosas de outro. Será que é isto que nos fará alcançar o que desejamos para nossas famílias e para o Brasil? Será que a célere frase dita por Deming sobre a inexistência de pudim instantâneo foi esquecida?


Para ilustrar meu ponto de vista, valer-me-ei de alguns argumentos. O primeiro, é uma história da primeira vez em que apliquei o 5S. Embalado por um livro, “O Sabor da Qualidade”, enveredei decidido que o 5S era a ferramenta que deveria aplicar na fábrica da família para melhorarmos nossa eficiência e tornarmos a empresa mais aprazível para a visita de nossos clientes. À época, não conhecia toda a história por trás do Modelo Toyota e do Lean, com toda filosofia necessária para que meus objetivos para o negócio fossem alcançados. Tinha apenas a visão de que se aplicasse o 5S, algo que me parecia fácil pela leitura que fizera, poderia comemorar um grande feito ao final daquele ano. Ledo engano.



O que é um Programa 5S?


Quais os objetivos do 5S?



Por que praticar o Programa 5S?



Senso de Utilização


O que é?



Quais os benefícios?



Como fazer?



Exemplos no trabalho



Senso de Ordenação


O que é?



Quais os benefícios?



Como fazer?



Exemplos no trabalho



Senso de Limpeza


O que é?



Quais os benefícios?



Exemplos no trabalho



Senso de Padronização


O que é?



Quais os benefícios?



Como fazer?



Exemplos no trabalho



Senso de Autodisciplina


O que é?



Quais os benefícios?



Como fazer?



Exemplos no trabalho



Quer conhecer um case de aplicação do 5S?


O que aprendi ao aplicar o 5S?


A primeira dificuldade que encontrei, foi me fazer comunicar. No último ano da faculdade e cheio de vontade de aplicar meus conhecimentos, cheguei carregado de ideias, mas com déficit de paciência e capacidade de alinhamento. Não era mister em “vender” minhas ideias, haja vista que pensava que o modelo mental de todos na fábrica era igual ao meu.



Munido das melhores das intenções, me reuni com a equipe da operação e expliquei-lhes, valendo-me de slides, a teoria do 5S e como esta seria importante para começarmos a mudar a cara da empresa. Ao abrir para perguntas, o único colaborador que perguntou, o fez no intuito de saber se isto impactaria num aumento de salário.


Respondi prontamente que não, mas que tornaríamos a empresa apta a ser mais eficiente, e assim, conseguiríamos aumentar os salários mais tarde. Hoje, vejo que estava longe da melhor resposta.



Como gerenciar a equipe no 5S?


Continuando a minha saga, combinei com a equipe que começaríamos com o dia D na segunda feira. Seria o dia que faríamos a limpeza, organização e o descarte para começarmos a implantação. Mostrei algumas planilhas que teríamos de preencher e as belas etiquetas que mandara imprimir para afixarmos aos itens a serem destinados ao descarte. Combinado isto na sexta feira, passei um final de semana feliz.  Estava senhor de mim, propagandeando aos amigos que mudaríamos uma realidade que se arrastava por 6 anos. A história de sucesso já estava pronta na minha cabeça: revolução 5S. E o que vocês acham que aconteceu?


Claro que não logrei êxito, meu caro e experiente leitor. A segunda feira se passou e ninguém parou para o dia D. Havia várias entregas a serem feitas e os colaboradores não iriam pará-las para executar os anseios de um jovem “novidadeiro”. Tal dia D poderia ficar para o próximo dia, quando a fábrica tivesse cumprido suas metas de produção e a equipe estivesse mais folgada. E assim, como podem imaginar, o próximo dia se arrastou por algumas semanas, até que tive uma ideia de mudança.


Apesar de fugir um pouco do protocolo, resolvi começar a fazer o 5S por minha conta. Sim, sei que isto parece mais um rompante de um jovem egocêntrico do que algo estruturado e a coisa certa a fazer na implementação de um 5S, mas funcionou. E qual foi o método utilizado? Decidi, na manhã de um domingo ir até a fábrica e começar o 5S. Sabia que a equipe estava trabalhando no domingo, mas que o movimento de carregamento era mais tranquilo. Tal vantagem, deu-me a empilhadeira para carregar minhas tranqueiras. Era a chance de liquidar com algumas semanas de frustrações e sentimento de impotência.



Como viramos o jogo na implantação do 5s?


Ao chegar lá, comecei listando por meio de minhas etiquetas tudo que iria para descarte. Perguntei ao líder de turno, o que ele achava que iríamos precisar e tudo que ouvia “é bom guardar, pois vai que um dia precisa” eu colocava a etiqueta vermelha. Depois de etiquetar tudo, voltei à minha casa. Na segunda feira, pedi uma caçamba de ferro-velho para colocarmos tudo que havia sido descartado.


Quando a caçamba chegou, comecei a jogar as tranqueiras nela e todos ficaram surpresos porque eu e meu irmão estávamos nesta prazerosa atividade. Depois de algumas horas, vi todos os colaboradores se engajando na atividade e descartando os itens desnecessários de nosso dia D. Finalmente, após algumas semanas de apreensão e atraso, a coisa começava a sair do papel. Os ensinamentos do Green Belt evoluíam.


Depois do descarte, começamos a organizar os itens da fábrica. Neste ponto, eu já não era mais o principal indutor das mudanças. A grande maioria estava a ajudar e a organizar os itens que sobraram do descarte da maneira correta, com o que mais utilizávamos mais próximo. Todo o “quartinho” da manutenção foi reformado. A equipe brilhou e todos ficamos orgulhosos. Foram 14 toneladas de sucatas coletadas, que nos renderam mais de 5 mil reais à época. Numa época de caixa difícil, tal acréscimo inesperado nos ajudou com algumas melhorias que precisaríamos de verba.



Como não deixar o 5S voltar à bagunça?


Porém, depois de algum tempo, a coisa começou a regredir novamente. A limpeza não andava bem, principalmente a assepsia dos banheiros. Mesmo com um profissional dedicado à limpeza, a equipe não mantinha organizado e limpo o banheiro por mais que algumas horas. E o que fazer?


Para forçar o senso de autodisciplina resolvemos queimar os navios. Dispensamos os serviços de limpeza e criamos uma tabela de responsáveis pela limpeza dos banheiros, em seus respectivos turnos. Além disso, com o aprendizado que tivemos no início do 5S, dispensamos a limpeza no escritório também. E por que isto? Caro leitor, precisávamos mostrar que limpeza era algo que importava a todos e que diante da dificuldade em limpar, não sujar era a melhor opção.


Recorrendo à algumas técnicas japonesas, descobri que o ato de limpar só tem importância quando sabemos o quão difícil e necessário ele é. Ao ser escalado para limpar nosso escritório, vi que a vida não seria fácil e mudei vários hábitos que possuía. Foi o fim dos pés sujos de barro e das “maravilhas” deixadas na pia. Caiu algo no chão?


Limpávamos prontamente, pois se aquilo grudasse, iríamos ter uma dificuldade tremenda para limparmos. Quanto aos banheiros, o turno que limpava mostrava-se austero em incriminar e desmarcar os sujões de plantão. Ao saber o quão gostoso era limpar o descuido alheio, todos preocupavam-se mais com seus próprios descuidos. Com a simples planilha da limpeza, mais um desafio foi resolvido.



E como o 5s foi finalmente implantado?


Ao fim desta história, quero reforçar o ponto declarado no início do texto. Não foi fácil a implantação do 5S na fábrica. Se tivéssemos desistido, certamente não teríamos conseguido lograr êxito parcial (não chegamos à classe mundial) na atividade. Se tivéssemos optado por elencar desculpas e deixar a ansiedade tomar conta, o projeto seria fracasso completo. Batemos cabeça por meses para um assunto cujo o entendimento é extremamente fácil.


O que alguns colegas me diziam era que a equipe de fábrica não costuma enxergar os benefícios do 5S porque são incapazes de fazerem associações teóricas. O que aprendi era que a culpa pela não compreensão era exclusivamente minha. Não tinha passado à equipe o desafio na linguagem que fazia sentido a eles e por isto, tive de recorrer aos meu inúmeros PDSAs para corrigir tal situação. Nenhuma implementação é igual a outra e hoje, depois de uma série de 5S implementados, posso falar isto com convicção.


Minha mensagem final é: não subestimem as pessoas e os esforços necessários para alcançarmos bons resultados. Sejamos humildes para nos esforçarmos ao máximo, buscando conhecimento e aplicando-o por meio de testes. Não julgue mal alguém que falhou bastante por meio de testes estruturados e nem aplauda aquele logrou êxito na primeira tentativa. Como diria meu amigo “Gordo”, trabalho duro supera o talento puro.


Toda vez que ouvirmos um guru propagandear que você mudará sua vida se assistir à um filme, desconfie. Penso que para isto é melhor um objetivo claro e muito esforço. No caso do 5S, tão fácil aparentemente, deixo aqui meu relato para refutar esta tese. Não é trivial. Se você conseguir implementá-lo à risca, tem minha admiração e meus parabéns, pois sei o quanto nos esforçamos para consegui-lo. Não se desanime pelos mercadores de sonhos inalcançáveis e de verdades duvidosas. Faça nosso curso de 5S e desafie-se na implementação. Terás nosso apoio, se precisar.



5S: aprendendo sempre


Recentemente, vi um vídeo no qual mostrava toda nossa saga de aprendizado. Quando nascemos, temos vários desafios e vamos aprendendo por meio da tentativa e aprendizado. Quantos tropeços tive para aprender a falar corretamente algumas palavras, quantos tombos para andar de bicicleta, quanta paciência de meu pai para explicar-me com o famoso “Hot Wheels” o conceito de velocidade média, de força centrípeta entre outros.


Quando ficamos adultos, penso que devamos pensar tal qual a criança que fomos. Não adianta achar que não iremos fazer um gráfico de controle errado, que iremos boiar um pouco para compreender chi-quadrado, PDSA, PDCA e gestão da rotina. Iremos! Mas saiba que por meio da tentativa e aprendizado, vamos crescendo e mudando o patamar do nosso conhecimento. Na dificuldade, não desanimem. Perseverem. Abordamos no White BeltGreen Belt e Black Belt, além do Lean algumas dicas úteis para você aplicar um choque de gestão e turbinar os resultados.