Seis Sigma

27/10/2017

Última atualização: 02/05/2025

Ferramentas Estatísticas no Lean Six Sigma

No Lean Six Sigma, decisões baseadas apenas em opiniões ou experiências não são suficientes. A análise precisa ser conduzida com base em dados confiáveis. É nesse ponto que entram as ferramentas estatísticas, que ajudam a medir, analisar e controlar processos com rigor técnico.

Essas ferramentas são fundamentais para identificar causas de variação, monitorar desempenho e validar melhorias. Elas estão integradas ao ciclo DMAIC, especialmente nas fases de MeasureAnalyzeControl, e permitem uma abordagem objetiva para redução de desperdícios e aumento da qualidade.

Ao longo deste conteúdo, você vai conhecer as principais ferramentas estatísticas aplicadas no Lean Six Sigma, entender como funcionam e em que situações elas devem ser utilizadas.

Por que usar ferramentas estatísticas no Lean Six Sigma?

No Six Sigma, o objetivo é reduzir variações e defeitos. Ferramentas estatísticas ajudam a interpretar dados com precisão, garantir controle de processos e evitar decisões baseadas apenas em percepções. Elas fazem parte do ciclo DMAIC e são aplicadas principalmente nas fases de mediçãoanálisecontrole.

Principais ferramentas estatísticas do Lean Six Sigma

1. Histograma

O que é

histograma é uma ferramenta estatística usada para visualizar a distribuição de dados de um processo. Ele agrupa valores em intervalos (ou "classes") e mostra a frequência com que cada intervalo ocorre. O gráfico é formado por barras, onde a altura indica quantas vezes um valor ou faixa de valores apareceu na amostra analisada.

Essa ferramenta ajuda a entender como os dados se comportam em torno de uma média e se há variações significativas no processo. É muito utilizada na fase "Measure" do ciclo DMAIC.

 

Como interpretar

Para interpretar um histograma, observe:

Uma distribuição simétrica com curva em formato de sino (gaussiana) indica estabilidade. Já formatos irregulares podem apontar anormalidades ou causas especiais de variação.

 

Aplicação:

Em um processo de envase de líquidos, por exemplo, o histograma pode ser usado para verificar se o volume das garrafas está concentrado no valor esperado (ex: 1 litro). Caso as barras estejam muito espalhadas ou com picos em valores extremos, pode haver falhas no equipamento ou na calibração.

No contexto do Lean Six Sigma, o histograma permite analisar variabilidade real do processo, identificar padrões e orientar decisões com base em evidências. Ele apoia a padronização e a melhoria contínua, reduzindo retrabalho e perdas.

Dica de uso: construa o histograma com amostras suficientes (preferencialmente ≥30 dados), defina faixas de classe adequadas e evite excessos que distorçam a leitura.

2. Gráfico de Dispersão

O que é

gráfico de dispersão é uma ferramenta estatística que mostra a relação entre duas variáveis numéricas. Ele é composto por pares de pontos em um plano cartesiano, onde cada ponto representa uma observação de duas variáveis.

O objetivo é identificar padrões de correlação: positiva, negativa ou inexistente. Essa ferramenta é amplamente utilizada no Six Sigma para verificar se uma variável pode estar influenciando outra, antes de aplicar análises mais aprofundadas, como regressão ou experimentos.

 

Quando usar

Use o gráfico de dispersão quando houver a necessidade de:

Ele é mais útil na fase “Analyze” do ciclo DMAIC, pois permite testar relações entre causas e efeitos levantadas nas etapas anteriores.

 

Exemplo de análise

Imagine um caso em que uma empresa deseja verificar se há relação entre a temperatura da máquina e a quantidade de peças com defeito. Coletam-se dados desses dois fatores em diferentes turnos. Ao plotar os valores no gráfico de dispersão, observa-se que, conforme a temperatura aumenta, a taxa de defeitos também cresce.

Esse padrão indica uma correlação positiva: quanto maior a temperatura, maior a chance de defeito. Com base nessa análise, pode-se investigar causas técnicas (como superaquecimento ou falha de resfriamento) e tomar medidas corretivas no processo.

No Lean Six Sigma, esse tipo de evidência estatística fortalece a tomada de decisão e reduz riscos de ações baseadas apenas em percepções.

3. Diagrama de Pareto

O que é

Diagrama de Pareto é uma ferramenta estatística que organiza as causas ou problemas em ordem decrescente de frequência ou impacto. Seu objetivo é destacar quais itens devem ser priorizados, com base no princípio 80/20 — ou seja, 80% dos efeitos vêm de 20% das causas.

Visualmente, ele combina barras verticais com uma linha de tendência acumulada. As barras mostram a frequência de cada item, e a linha evidencia a contribuição percentual acumulada. É uma ferramenta prática para tomada de decisão com base em dados objetivos.

 

Como construir

Para construir um Diagrama de Pareto:

  1. Coletar dados sobre defeitos, falhas, reclamações ou perdas.
  2. Classificar os itens por frequência de ocorrência (do maior para o menor).
  3. Calcular o total e o percentual de cada item.
  4. Somar os percentuais de forma acumulada.
  5. Criar o gráfico com:
    • Barras representando a frequência de cada item.
    • Linha acumulada mostrando a soma progressiva dos percentuais.

O gráfico pode ser feito manualmente ou com ferramentas como Excel, Minitab ou Google Sheets.

 

Quando aplicar

O Diagrama de Pareto deve ser aplicado quando:

Por exemplo, se uma empresa identifica 10 tipos de defeitos em um produto, o Pareto pode mostrar que 3 desses defeitos representam 80% das ocorrências. Com isso, os esforços de melhoria podem ser concentrados nesses pontos críticos.

No contexto Lean Six Sigma, o Pareto traz foco e objetividade para a resolução de problemas complexos.

4. Gráfico de Controle (CEP)

O que é

Gráfico de Controle é uma ferramenta estatística usada para monitorar a estabilidade de um processo ao longo do tempo. Ele indica se as variações observadas são normais (variações comuns) ou se há interferências externas (variações especiais).

Esse gráfico é composto por uma linha central (média do processo), limites superiores e inferiores de controle (calculados com base em dados históricos) e os dados plotados em série temporal. Quando o processo se mantém dentro dos limites e segue um padrão estável, considera-se que está sob controle estatístico.

 

Tipos de gráfico

Os gráficos de controle variam de acordo com o tipo de dado analisado:

A escolha correta depende do tipo de dado e do volume de amostras coletadas.

 

Como usar no controle de processos

Para aplicar o gráfico de controle de forma eficaz:

  1. Defina o processo a ser monitorado.
  2. Coleta de dados em intervalos regulares.
  3. Calcule a média, a variabilidade e os limites de controle.
  4. Plote os pontos no gráfico.
  5. Analise os padrões:
    • Se os pontos permanecem dentro dos limites e seguem um comportamento aleatório, o processo está sob controle.
    • Se há pontos fora dos limites ou padrões incomuns (como 7 pontos seguidos acima da média), há sinais de variação especial.

No Lean Six Sigma, o Gráfico de Controle é usado principalmente na fase “Control” do DMAIC, garantindo que os ganhos obtidos nas melhorias sejam sustentados ao longo do tempo.

Essa ferramenta reduz variações indesejadas, previne desvios e fortalece a previsibilidade dos processos.

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