Análise de dados Regressão e a Estatística.

08/11/2017

Última atualização: 17/04/2025

A Regressão é Linear ou Não Linear?

A análise de regressão é uma das ferramentas mais utilizadas em projetos de melhoria, controle de processos e análise de dados. Ela permite identificar relações entre variáveis e construir modelos preditivos confiáveis.

No entanto, uma dúvida muito comum de quem está começando ou já utiliza esse recurso é: quando utilizar a regressão linear e quando partir para a regressão não linear?

Embora o nome possa sugerir que a principal diferença esteja no formato da curva gerada, essa escolha vai muito além disso.

Neste conteúdo, você vai entender:

Se o seu objetivo é tomar decisões com base em dados e construir modelos robustos e eficientes, continue a leitura. Vamos apresentar conceitos fundamentais, exemplos práticos e dicas de boas práticas utilizadas em ferramentas como o Minitab — tudo para ajudar você a escolher o melhor caminho entre a regressão linear e a não linear.

A Regressão é Linear ou Não Linear?

O universo da estatística é amplo e cheio de nuances. Um bom exemplo disso está na própria regressão: a regressão linear pode gerar curvas e, ao contrário do que o nome sugere, a regressão não linear não se define apenas pela forma curva dos dados.

Mas afinal, quando optar pela regressão não linear em vez de métodos lineares, como a regressão linear simples, regressão por melhores subconjuntos ou a stepwise?

Essa é uma dúvida comum e que abordamos com profundidade em nossos cursos de Green BeltBlack Belt.

De forma prática, a recomendação é começar pela regressão linear. Ela é mais simples de aplicar, tem boa capacidade explicativa e sua interpretação é direta. Porém, se os dados não se ajustarem bem ao modelo linear, pode ser o momento de testar um modelo de regressão não linear.

O importante é avaliar a aderência do modelo aos dados e a qualidade dos resíduos. Um bom ajuste nem sempre está na complexidade, mas na coerência entre modelo e comportamento das variáveis.

Quando usar a Regressão Linear

regressão linear deve ser sempre a primeira opção ao construir um modelo estatístico. Isso porque ela apresenta um método simples, eficiente e de fácil interpretação, principalmente quando o objetivo é entender a relação entre variáveis.

Esse modelo funciona bem quando os dados seguem um comportamento próximo de uma linha reta — ou seja, quando existe uma relação proporcional entre as variáveis independentes (explicativas) e a variável dependente (resultado).

Além disso, a regressão linear é indicada quando:

Por ser um modelo mais simples, a regressão linear facilita a análise, a comunicação dos resultados e a aplicação prática nas empresas, especialmente em projetos de melhoria contínua, controle de processos e análise preditiva.

Por isso, sempre que os dados permitirem, a regressão linear é a escolha mais indicada. Ela reduz o risco de superajustes (overfitting) e torna as decisões baseadas em dados mais confiáveis e fáceis de explicar para os envolvidos no projeto.

Quando a regressão linear não funciona

Existem situações em que a regressão linear não consegue representar o comportamento dos dados de forma adequada. Isso acontece, principalmente, quando a relação entre as variáveis é mais complexa e o modelo linear não tem flexibilidade suficiente para se ajustar.

Embora o modelo linear consiga representar curvas, ele pode não ser capaz de capturar a curvatura específica dos seus dados. Em alguns casos, mesmo com variáveis transformadas, como termos quadráticos ou cúbicos, o ajuste ainda fica insatisfatório.

Um exemplo comum ocorre quando:

Esse comportamento sinaliza um problema. Quando você avalia o gráfico dos resíduos — prática fundamental em qualquer análise de regressão — percebe que eles não estão distribuídos de forma aleatória. Ao contrário, formam padrões que indicam um ajuste ruim.

Nessas situações, a regressão não linear se torna uma alternativa mais eficiente.

Vantagem da Regressão Não Linear

A regressão não linear permite trabalhar com um número muito maior de formas e funções. Por isso, é capaz de capturar curvas específicas que um modelo linear não consegue representar.

No exemplo apresentado, o ajuste com regressão não linear exigiu mais esforço para encontrar a função adequada. No entanto, o resultado foi um modelo que seguiu os dados com muito mais precisão.

O valor de S — que mede aproximadamente a distância média dos pontos em relação à linha ajustada — melhorou de 72,4 (na regressão linear) para 13,7 (na regressão não linear). Nesse caso, quanto menor o valor de S, melhor o ajuste.

Além disso, o gráfico dos resíduos passou a apresentar um padrão aleatório, que é o comportamento esperado em um bom modelo.

Limitações da Regressão Não Linear

Apesar de ser uma ferramenta poderosa, a regressão não linear apresenta algumas desvantagens importantes:

Se você utiliza o Minitab, é possível reproduzir esse exemplo. Basta acessar:
Arquivo → Abrir Planilha → Procurar em Minitab Sample Data → Selecionar o arquivo "Mobility.MTW".

Esses dados são os mesmos utilizados no exemplo, e permitem que você explore os conceitos de regressão linear e não linear na prática.

Como especificar seu modelo de regressão?

Escolher o tipo adequado de regressão — linear ou não linear — é apenas o primeiro passo na análise dos dados. Depois disso, é necessário definir quais variáveis serão incluídas no modelo e como essas variáveis se relacionam.

Esse processo é conhecido como especificação do modelo de regressão.

Especificar o modelo significa decidir:

Esse trabalho é sempre um processo iterativo. Ou seja, dificilmente o primeiro modelo testado será o definitivo. É comum realizar ajustes e refinamentos até chegar a um modelo que se encaixe bem aos dados e explique o comportamento da variável resposta de forma confiável.

Ao longo dessa etapa, é fundamental:

Essas práticas ajudam a garantir que o modelo final seja estatisticamente válido e, principalmente, útil para a tomada de decisão.

Nos próximos tópicos, vamos mostrar como validar o seu modelo de regressão e quais ajustes realizar quando os resultados não forem satisfatórios.

Métodos estatísticos para encontrar o melhor modelo de regressão

Para construir um modelo de regressão eficiente, não basta incluir apenas as variáveis que estão sendo testadas. É importante considerar também outras variáveis que possam influenciar o resultado. Ignorar esse ponto pode gerar modelos tendenciosos e pouco confiáveis.

Ferramentas como o Minitab oferecem métodos estatísticos que ajudam nesse processo de especificação e validação do modelo.

R² Ajustado e R² Previsto

O valor de R² tradicional tende a aumentar sempre que você adiciona uma nova variável preditora ao modelo, mesmo que ela não contribua de forma significativa. Por isso, o ideal é utilizar o R² ajustado e o R² previsto, que são medidas mais confiáveis para avaliação do modelo.

Essas métricas evitam o erro comum de criar um modelo excessivamente complexo, que funciona bem apenas com os dados analisados, mas apresenta baixo desempenho em situações reais.

P-valores dos Preditores

Na análise de regressão, os p-valores ajudam a identificar quais variáveis são realmente significativas. De forma geral:

Esse procedimento ajuda a construir um modelo mais enxuto e eficaz.

Regressão Stepwise e Melhores Subconjuntos

Durante a etapa exploratória da construção do modelo, é possível utilizar procedimentos automatizados, como:

No Minitab, esse método fornece ainda o Cp de Mallows, uma estatística que ajuda a equilibrar precisão e viés na escolha do modelo final.

Utilizar essas ferramentas estatísticas reduz o risco de erros na construção do modelo e aumenta a confiabilidade dos resultados, proporcionando uma análise mais robusta e alinhada com a realidade dos dados.

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