Gestão de Projetos

22/07/2025

Memória de cálculo: o que é, estrutura e responsável

Você já precisou justificar tecnicamente os números de um projeto? Em obras civis, sistemas elétricos, estruturas metálicas ou processos industriais, essa validação passa por um documento pouco comentado fora do meio técnico, mas decisivo: a memória de cálculo.

Ao longo deste conteúdo, vamos mostrar o que é memória de cálculo, como estruturá-la, quem deve assinar e quando sua apresentação é obrigatória. Também explicamos as diferenças em relação ao memorial descritivo, confusão comum até entre profissionais experientes.

Se você atua com projetos técnicos ou precisa interpretar esse tipo de documentação, siga na leitura.

O que é memória de cálculo?

Memória de cálculo é o documento que registra, organiza e justifica todos os cálculos utilizados no desenvolvimento de um projeto técnico. Está presente em áreas como engenharia civil, elétrica, mecânica e estruturas metálicas, e serve para demonstrar como foram obtidos os resultados e dimensões adotadas.

A elaboração dessa memória segue um raciocínio lógico, com equações, hipóteses, normas técnicas e parâmetros de projeto. O objetivo é garantir que qualquer profissional habilitado possa compreender, conferir ou revisar os resultados apresentados. Quando bem construída, ela oferece rastreabilidade completa do processo de dimensionamento.

É comum que esse documento seja utilizado em aprovações junto a prefeituras, órgãos reguladores ou clientes corporativos, que exigem a comprovação técnica das soluções propostas. Em auditorias e perícias técnicas, esse material ganha ainda mais importância.

Documentação exigida por norma ou cliente?

A obrigatoriedade da memória de cálculo pode surgir por dois caminhos: exigência normativa ou contratual. Algumas normas da ABNT (como a NBR 6118 para estruturas de concreto armado ou a NBR 5410 para instalações elétricas) exigem o registro de dimensionamentos e verificações. Nesses casos, a falta do documento pode implicar descumprimento de norma técnica.

Há também solicitações feitas diretamente pelo cliente ou pelo contratante da obra, especialmente em projetos industriais, públicos ou com financiamento. O documento se torna parte do dossiê técnico e da prestação de contas.

Empresas que adotam sistemas de gestão da qualidade (como ISO 9001) também costumam padronizar a inclusão da memória de cálculo nos registros do projeto. A prática ajuda a garantir a consistência entre planejamento, execução e monitoramento técnico.

Diferença entre memória de cálculo e memorial descritivo

Apesar de nomes semelhantes, os dois documentos têm finalidades diferentes.

Como estruturar uma memória de cálculo

1. Informações que não podem faltar

Uma memória de cálculo bem estruturada começa com a identificação básica do projeto: título, data, responsável técnico, número da ART (quando aplicável) e escopo do cálculo. Em seguida, deve-se registrar os dados de entrada, parâmetros adotados, premissas de projeto, normas técnicas utilizadas e hipóteses assumidas.

Outro ponto essencial é a discriminação das fórmulas, com indicação clara das variáveis envolvidas. Sempre que possível, essas fórmulas devem vir acompanhadas de referências normativas ou bibliográficas. Após a aplicação numérica, os resultados parciais e finais precisam ser apresentados com unidades e justificativas.

Também é importante incluir verificações de segurança, limites de esforço, dimensionamento de elementos e margens adotadas. Quando houver, os anexos com plantas, gráficos ou simulações complementam o entendimento do documento.

2. Organização dos cálculos: passo a passo

O ideal é seguir uma ordem que respeite o encadeamento natural dos cálculos. Primeiro, define-se o sistema em estudo e os dados de entrada. Depois, apresentam-se os cálculos em blocos temáticos: cargas, esforços, dimensionamento, verificações.

Cada etapa deve conter:

  1. Objetivo da etapa (exemplo: cálculo de carga distribuída);
  2. Equação geral com explicação dos termos;
  3. Aplicação numérica com valores adotados;
  4. Resultado final, com destaque e interpretação.

Caso o cálculo dependa de softwares, a metodologia usada deve ser descrita. O leitor precisa entender como o programa chegou aos números apresentados. Além disso, se houver resultados intermediários, eles devem ser mantidos no documento mesmo quando o valor final já for conhecido. Isso garante rastreabilidade.

3. Padronização e linguagem técnica

A forma como a memória de cálculo é escrita influencia diretamente o documento, por isso o uso de linguagem técnica objetiva, sem floreios e com foco em precisão, é indispensável. Siglas, unidades e símbolos devem seguir o padrão das normas técnicas adotadas no projeto. Evite abreviações não convencionadas.

A padronização também inclui formatação visual: alinhamento, margens consistentes, uso de quadros para destacar fórmulas e espaçamento entre seções. A numeração das etapas e subtítulos ajuda na navegação do documento, especialmente em projetos mais extensos.

Quem é responsável pela memória de cálculo?

A elaboração da memória de cálculo deve ser feita por profissionais com formação técnica compatível e habilitação no conselho de classe. No caso da engenharia, isso significa registro no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) e emissão da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

O engenheiro responsável precisa dominar tanto os aspectos normativos quanto os fundamentos matemáticos do projeto. É ele quem valida os dados utilizados, define as premissas e assume formalmente a autoria dos cálculos. Em caso de erro ou inconsistência, a responsabilidade recai sobre esse profissional.

Quando a assinatura é obrigatória?

A assinatura da memória de cálculo é obrigatória sempre que houver exigência normativa, processo de aprovação junto a órgão público ou exigência contratual. Projetos submetidos a fiscalização de prefeituras, concessionárias ou agências reguladoras devem ter a memória assinada, datada e acompanhada da ART.

Mesmo em casos onde não há obrigatoriedade formal, a prática de registrar e assinar os cálculos agrega segurança ao projeto e protege o profissional de questionamentos futuros.

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memória de cálculo é parte essencial de qualquer entrega bem estruturada. Quem domina a lógica dos projetos, organiza melhor suas documentações e reduz riscos técnicos e legais.

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