Melhoria de Processos

16/01/2023

Última atualização: 14/08/2025

Manutenção preditiva: o que é e como é usada

A manutenção preditiva é uma estratégia sofisticada que busca antecipar falhas em equipamentos antes que elas ocorram, posicionando-se como uma evolução significativa em relação à manutenção preventiva, que foca em evitar defeitos através de intervenções programadas. 

Neste blog, vamos aprofundar esse tema, explorando como ela funciona, seus principais benefícios e as tecnologias envolvidas. Além disso, discutiremos as diferenças entre outros tipos de manutenções, vantagens e desvantagens, impactos, desafios e exemplos práticos.

O que é manutenção preditiva?

manutenção preditiva é uma forma de acompanhar o estado de funcionamento de máquinas e equipamentos para evitar que parem de funcionar de repente. Ela atua com base em dados. Isso significa que sensores, softwares e análises técnicas apontam quando uma peça está se desgastando e precisa de atenção, antes que o defeito aconteça.

Qual a diferença para a manutenção corretiva e a pretiva?

É comum confundir esse tipo de manutenção com outras práticas, como a corretiva ou a preventiva. Mas existem diferenças claras entre elas.

Na manutenção corretiva, o reparo só acontece depois da falha. O equipamento para, causa prejuízo, e aí sim o conserto é feito. Já a manutenção preventiva funciona com um cronograma fixo: mesmo que a máquina esteja boa, o reparo é feito de tempos em tempos.

A preditiva segue outro caminho. Ela se apoia no comportamento real do equipamento. Se o motor começa a vibrar mais do que o normal, por exemplo, o sistema capta esse sinal. A partir daí, a manutenção pode ser feita no momento certo – nem antes, nem depois.

Esse modelo evita desperdício de peças, reduz o tempo de máquina parada e torna a operação mais segura e eficiente.

Como surgiu a aplicação da manutenção preditiva na indústria

A aplicação da manutenção preditiva nas empresas ganhou força a partir da década de 1980, quando sensores e sistemas de monitoramento começaram a ser usados de forma mais ampla em ambientes industriais. Naquele período, a indústria buscava reduzir perdas e melhorar o desempenho dos equipamentos.

Com a evolução tecnológica, esse tipo de manutenção passou a incorporar análises mais precisas. Hoje, ela está diretamente ligada à digitalização da indústria, principalmente com o uso de dados em tempo real e recursos como inteligência artificial e internet das coisas (IoT).

Empresas dos setores de energia, mineração, papel e celulose foram algumas das primeiras a adotar o modelo. Isso porque operam com máquinas de grande porte, onde cada falha representa um custo alto.

Com o tempo, essa prática se espalhou por diferentes setores e passou a ser vista como uma aliada estratégica da produção. Não se trata apenas de evitar falhas. A manutenção preditiva permite prever cenários e tomar decisões com base em informação técnica, e não em suposições.

Quais são as características da manutenção preditiva? 

Dentre as principais características de uma manutenção preditiva, não podemos deixar de citar: 

Como funciona a manutenção preditiva na prática?

Na prática, a manutenção preditiva segue um fluxo que combina observação, coleta de dados e tomada de decisão com base em análises técnicas. Tudo começa com o monitoramento contínuo dos equipamentos. Isso pode ser feito com sensores instalados diretamente nas máquinas ou por meio de inspeções regulares.

Esses sensores registram dados como temperatura, vibração, ruído e até presença de partículas metálicas no óleo. Quando algum desses indicadores sai do padrão, um alerta é emitido.

Depois disso, uma equipe técnica analisa os dados para entender se há de fato risco de falha. Se for identificado um problema em potencial, a intervenção é agendada no momento certo, sem interromper toda a operação ou depender de um cronograma fixo.

Esse modelo reduz falhas inesperadas, evita manutenções desnecessárias e melhora o planejamento da produção.

Técnicas e ferramentas mais usadas

A manutenção preditiva depende de métodos específicos para identificar anomalias antes que virem problemas maiores. Entre as técnicas mais utilizadas estão:

Vibração mecânica

A análise de vibração é uma das formas mais comuns de prever falhas em motores, redutores, rolamentos e compressores. Com sensores acoplados à máquina, mede-se o padrão de vibração do equipamento durante o funcionamento.

Quando esse padrão muda, pode indicar desequilíbrio, desalinhamento ou desgaste de componentes internos. O técnico interpreta os gráficos gerados e verifica se é hora de intervir. O método é confiável e pouco invasivo, ideal para máquinas que não podem parar.

Análise termográfica

Outro recurso bastante adotado é a termografia, que usa câmeras infravermelhas para capturar a temperatura de componentes elétricos ou mecânicos. Com essa técnica, é possível visualizar pontos de aquecimento anormal, que geralmente antecedem falhas como curto-circuitos, sobrecargas ou falhas de lubrificação.

A vantagem é que a medição pode ser feita com o equipamento em funcionamento, sem afetar o ritmo da produção.

Ultrassom e análise de óleo

ultrassom industrial capta sons fora da faixa audível humana, permitindo identificar vazamentos de ar comprimido, falhas em válvulas ou atritos internos em rolamentos. O som captado é convertido em sinal digital e ajuda o técnico a localizar falhas invisíveis a olho nu.

Já a análise de óleo consiste em examinar amostras de lubrificantes retiradas dos equipamentos. Com esse exame, é possível detectar a presença de partículas metálicas, sinais de oxidação ou contaminações. Esses dados mostram como está o desgaste interno das peças.

Essas ferramentas tornam a manutenção preditiva uma prática baseada em evidência técnica e não em tentativa e erro. Com elas, a tomada de decisão se torna mais precisa e econômica.

Vantagens da manutenção preditiva

Em comparação com a manutenção preventiva, a manutenção preditiva garante que um equipamento que necessita de manutenção só seja desligado imediatamente antes de uma falha iminente. Isso reduz o tempo total e o custo gasto na manutenção do equipamento.

Isso traz várias economias de custos:

Além dessas vantagens a manutenção preditiva também:

Neste sentido, destacamos o curso gratuito de "Fundamentos da Gestão da Produção Industrial" da FM2S, direcionados a pessoas da área de manutenção e outros profissionais do setor industrial para uma oportunidade única de ampliar suas competências em gerenciamento eficiente de processos de produção. 

Desvantagens da manutenção preditiva

Ao usar técnicas preditivas, a manutenção pode ser realizada na hora certa para evitar paradas não planejadas e melhorar a vida útil do equipamento. Embora existam muitas vantagens nesta abordagem, também existem algumas desvantagens a serem consideradas:

O impacto da manutenção preditiva

A manutenção preditiva otimiza o tempo de trabalho nos ativos para minimizar a frequência e maximizar a confiabilidade sem custos adicionais. Ele aproveita dados de sensores, IA e aprendizado de máquina para orientar decisões de manutenção. Um programa de manutenção preditiva bem-sucedido depende crucialmente de técnicas como análise de vibração e observação de equipamentos. 

Apesar de desafios como os elevados custos iniciais e a necessidade de conhecimentos especializados, é eficiente, poupando custos e recursos. Antes de adotar a manutenção preditiva, consulte os fabricantes de equipamentos e especialistas em monitoramento.

Onde a manutenção preditiva já faz diferença: exemplos por setor

A manutenção preditiva tem sido aplicada de forma estratégica em diferentes setores, com foco em prevenir falhas críticas, reduzir paradas e aumentar a vida útil dos equipamentos. A seguir, veja como essa abordagem funciona em operações reais.

Agroindústria: colheita sem imprevistos

No campo, a produção não espera. Um trator ou colheitadeira parado na época errada pode comprometer toda a safra. Por isso, empresas do agronegócio têm adotado sensores embarcados nos equipamentos para monitorar temperatura de motor, pressão hidráulica e vibração.

Esses dados, enviados em tempo real para uma central, indicam o momento certo de intervir. Assim, a manutenção deixa de ser feita por rotina e passa a ser programada conforme o uso real da máquina. Isso reduz o risco de paradas em plena safra e evita quebras inesperadas.

Indústria alimentícia: produção contínua e segura

Na indústria de alimentos, a parada de uma esteira ou a falha em um sistema de refrigeração afeta diretamente a validade e a qualidade dos produtos. Nesse setor, a manutenção preditiva é aplicada para acompanhar a temperatura de compressores, o nível de vibração de motores e até o desgaste em rolamentos de equipamentos críticos.

Além disso, com a análise de óleo e o uso de termografia, é possível agir antes que haja uma falha que comprometa o lote. A estratégia garante confiabilidade na operação e evita o descarte de produtos por falhas técnicas.

Setor mecânico e industrial: redução de custos com paradas

Empresas metalúrgicas e automotivas usam manutenção preditiva para acompanhar o desempenho de tornos, prensas, sistemas de exaustão e compressores. Nessas operações, qualquer falha leva a atrasos na cadeia de produção e prejuízos com retrabalho.

Com sensores de vibração e ultrassom, problemas como desalinhamento de eixos ou desgaste em engrenagens são detectados com antecedência. A intervenção é feita no momento exato, sem comprometer o ritmo da produção ou causar gargalos.

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