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18/11/2025

Função logarítmica: exemplos, gráficos e aplicações

função logarítmica aparece em contextos onde a relação entre grandezas não é linear, mas sim baseada em potências e escalas proporcionais. É comum encontrá-la em áreas como química, física, estatística, engenharia e análise de dados. Mesmo fora da matemática pura, seu uso é recorrente quando há compressão de informações ou crescimento que desacelera com o tempo.

Neste conteúdo, vamos entender o que é essa função, como ela se relaciona com a função exponencial e de que forma ela se manifesta em gráficos, modelos e aplicações práticas. Também resolveremos equações envolvendo logaritmos e mostraremos exemplos em áreas técnicas como controle de qualidade, medições e processos industriais.

O que é uma função logarítmica?

A função logarítmica é aquela em que a variável independente está dentro de um logaritmo. Ela é escrita na forma:

  f(x) = log₍ᵦ₎(x), onde b > 0b ≠ 1

Seu objetivo é indicar qual expoente a base b deve assumir para resultar em x. Ou seja, o logaritmo responde à pergunta: “qual potência de b resulta em x?”. Essa relação é expressa por:

  log₍ᵦ₎(x) = y ⇔ bʸ = x

Nesse contexto, o número x é chamado de argumento, e b, de base do logaritmo.

A função logarítmica é a inversa da função exponencial. Enquanto a função exponencial representa uma quantidade que cresce (ou decresce) a partir de uma base elevada a um expoente, a logarítmica inverte esse processo: dado o resultado, identifica-se o expoente correspondente.

Essa estrutura torna a função logarítmica útil em situações onde o comportamento exponencial precisa ser revertido ou interpretado de forma proporcional. 

Vamos imaginar um exemplo:

Na química, o pH de uma substância é calculado por meio de uma função logarítmica. A fórmula é:

  pH = –log₁₀[H⁺]

Nesse caso, o pH mede a concentração de íons de hidrogênio ([H⁺]) em uma solução. Se a concentração de íons for [H⁺] = 10⁻³ mol/L, então:

  pH = –log₁₀(10⁻³) = 3

Ou seja, a solução tem pH 3, o que indica caráter ácido. Esse cálculo só é possível porque o logaritmo permite identificar o expoente ao qual 10 foi elevado para gerar a concentração observada.

A função logarítmica, nesse contexto, organiza valores em uma escala proporcional, facilitando comparações entre soluções que, embora apresentem diferenças exponenciais nas concentrações, podem ser interpretadas em uma escala linear.

Função logarítmica na química

Na química, como já vimos, o cálculo do pH depende de logaritmos para representar concentrações de íons de hidrogênio. Isso permite diferenciar soluções ácidas e básicas de forma objetiva, mesmo que a variação entre elas seja de ordens de magnitude.

Função logarítmica na física

Na física, o logaritmo é usado na medição da intensidade sonora. A escala de decibéis (dB) traduz variações exponenciais em volume para uma escala compreensível. Um som 10 vezes mais intenso que outro não tem seu valor multiplicado por 10 na escala dB, a função logarítmica ajusta essa relação.

A fórmula utilizada é:

  L = 10 · log₁₀(I / I₀)

Onde:

Esse modelo mostra como a função logarítmica transforma proporções entre intensidades em uma escala linear. Um som com intensidade 100 vezes maior que outro não gera 100 dB a mais, mas sim:

  L = 10 · log₁₀(100) = 10 · 2 = 20 dB a mais

Dessa forma, sons extremamente mais intensos continuam sendo comparáveis em uma escala manejável, o que seria inviável sem o uso de logaritmos.

Função logarítmica na economia

Na economia e finanças, aparece na análise de retornos acumulados, elasticidade e crescimento de capital sob juros compostos. Ao reverter fórmulas exponenciais, é possível estimar prazos ou taxas a partir de valores acumulados.

Função logarítmica em outras áreas

Em áreas como biologiaecologia, o logaritmo modela o crescimento de populações quando há limitação de recursos. A função ajuda a descrever o comportamento de sistemas que crescem rapidamente no início, mas desaceleram com o tempo.

Há ainda o uso em ciência de dadoscomputaçãoestatísticaengenharias, especialmente em transformações de variáveis, compressão de dados e algoritmos que lidam com escalas muito amplas.

Como é o gráfico da função logarítmica?

O gráfico da função logarítmica representa visualmente como os valores de f(x) = log₍ᵦ₎(x) se comportam à medida que o argumento x varia. Ele fornece uma leitura imediata da relação entre os números e seus respectivos logaritmos.

Essa curva apresenta algumas características fundamentais:

A forma da curva depende da base escolhida:

Esse comportamento reflete a inversão da função exponencial. Quando o gráfico da função exponencial é refletido sobre a reta y = x, o resultado é a curva logarítmica.

Em ambos os casos, a curva cresce lentamente. Mesmo que o valor de x aumente bastante, a variação de f(x) se dá de forma desacelerada. Essa característica é o que justifica o uso da função logarítmica para representar sistemas com crescimento contido ou escalas de compressão.

Se for representada no plano cartesiano, a curva sempre se restringe ao primeiro e quarto quadrantes, porque o domínio é x > 0 e a imagem abrange todos os valores reais (positivos e negativos, dependendo de x e da base).

Exemplo: crescimento de bactérias com tempo logarítmico

Em biologia, o crescimento de uma colônia bacteriana pode ser modelado de forma exponencial. Para estudar esse crescimento de forma proporcional ao tempo, utiliza-se a função logarítmica para estimar quantas horas foram necessárias para atingir determinado tamanho populacional.

Suponha que a população bacteriana seja dada por:

  N(t) = 100 · 2ᵗ,
onde:

Para encontrar o tempo necessário para atingir uma certa população, usamos a função logarítmica:

  t = log₂(N / 100)

Vamos calcular t para os seguintes tamanhos populacionais:

Com base nos dados apresentados podemos construir o gráfico que apresenta as seguintes informações:

Esse exemplo é útil para mostrar como logaritmos transformam relações exponenciais em algo proporcional, especialmente em contextos como microbiologia, epidemiologia e demografia.

Como resolver uma função logarítmica: 5 exemplos comentados

Resolver uma função logarítmica exige atenção às propriedades dos logaritmos e às restrições do domínio. A seguir, veja cinco situações distintas resolvidas passo a passo:

1. log₂(x) = 4

Essa equação pergunta: 2 elevado a quanto é igual a x?
Use a definição da função logarítmica:

  x = 2⁴
  x = 16

2. log₁₀(x – 1) = 2

Primeiro, transforme a equação logarítmica em exponencial:

  x – 1 = 10²
  x – 1 = 100
  x = 101

Importante: o argumento do logaritmo (x – 1) precisa ser maior que zero, então x > 1. Como x = 101, essa condição está satisfeita.

3. log₃(2x + 1) = 0

Pelo conceito de logaritmo:

2x + 1 = 3⁰
2x + 1 = 1
2x = 0
x = 0

Condição de existência: 2x + 1 > 0 → x > –0,5. A solução x = 0 está dentro do domínio.

4. log₄(x² – 5x + 6) = 0</h3>

Primeiro, reescreva a equação:

  x² – 5x + 6 = 4⁰ = 1
  x² – 5x + 5 = 0

Resolvendo:

  Δ = (–5)² – 4·1·5 = 25 – 20 = 5
  x = [5 ± √5] / 2

As soluções são:

  x₁ = (5 + √5)/2 ≈ 3.62
  x₂ = (5 – √5)/2 ≈ 1.38

Ambas satisfazem a condição x² – 5x + 6 > 0.

5. log₅(x) + log₅(x – 4) = 1

Use a propriedade: logₐ(m) + logₐ(n) = logₐ(m·n)

  log₅[x(x – 4)] = 1
  log₅(x² – 4x) = 1

Transforme em exponencial:

  x² – 4x = 5¹ = 5
  x² – 4x – 5 = 0

Resolvendo:

  Δ = 16 + 20 = 36
  x = [4 ± √36]/2
  x₁ = (4 + 6)/2 = 5
  x₂ = (4 – 6)/2 = –1

Verificando:

Solução final: x = 5

Aplicações da função logarítmica em qualidade e processos

1. Análise de Capabilidade de Processos (Cp e Cpk)

Na avaliação da capacidade de um processo produtivo, o logaritmo aparece quando se transforma dados ou reduz variabilidade em escalas mais tratáveis, especialmente em processos com distribuição não normal

Em algumas abordagens, transformações logarítmicas são aplicadas para que os dados se ajustem à normalidade antes de calcular índices como Cp, Cpk, Pp e Ppk.

Exemplo:
Se o tempo de setup de uma máquina varia muito e os dados são assimétricos (com cauda longa), pode-se aplicar:

  y = log₁₀(x)

Isso estabiliza a variância e permite aplicar técnicas de controle estatístico com maior precisão.

2. Gráfico de Pareto com escala logarítmica

Quando analisamos defeitos em processos produtivos ou falhas em equipamentos, alguns itens aparecem com frequência muito maior que outros. Nesses casos, o uso de escala logarítmica no eixo y de um gráfico de Pareto pode melhorar a interpretação, destacando diferenças relevantes mesmo entre categorias de baixa ocorrência.

3. Redução de ruído em medições de variáveis críticas

Alguns sensores e instrumentos utilizam funções logarítmicas internamente para calibrar respostas que envolvem grande variação de entrada, como:

Esses dispositivos operam com base logarítmica para evitar distorções na leitura.

4. Controle de tempo de resposta logarítmico em melhorias contínuas

Em projetos Lean ou Six Sigma, é comum medir o tempo necessário para resolver falhas, implementar melhorias ou reduzir retrabalho. Às vezes, esses tempos seguem um padrão de diminuição logarítmica, como:

  t = a · log₁₀(x) + b

Onde x representa o número de ciclos de melhoria ou intervenções e t é o tempo de resposta. Isso mostra que as maiores reduções de tempo ocorrem nos primeiros ciclos, e depois a melhoria desacelera, padrão típico em curvas de aprendizagem.

5. Análise de dados com variância heterogênea

Quando se trabalha com medições de características como rugosidade, espessura de camadas ou concentração de resíduos, os valores podem ter variabilidade proporcional à magnitude. Aplicar o logaritmo permite padronizar essas variações e aplicar modelos de regressão ou análise gráfica com maior robustez.

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