Como anda a violência no Estado de São Paulo?
Faz tempo que não me aventuro pelos artigos sobre análise de dados

03 de maio de 2018

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

Como anda a violência no Estado de São Paulo?

Como está a violência?

Faz tempo que não me aventuro pelos artigos sobre análise de dados, mas hoje, decidi tomar coragem e voltar ao tema. Num ano eleitoral, vamos aplicar Análise de Dados num tema de interesse da população: segurança. Como será que está a segurança pública nos Estados? Não precisamos fazer um fluxograma ou delimitar bem o escopo. Aqui, é o gráfico de controle.

Segurança Pública Violência

Figura 1: taxa de homicídio doloso no Estado de São Paulo.

Pela figura 1, a queda mostrada no gráfico é inconteste. Percebe-se uma queda muito acentuada até 2007 e depois, certa estabilidade. Considerando estágios diferentes, percebe-se um 2017 ainda menos, com a taxa do ano ultrapassando o limite inferior de controle. Isso é ótimo. Pode-se afirmar, que os últimos 3 anos foram os mais seguros da história recente do Estado de São Paulo.

A pergunta que cabe é: esse é um número bom? É um índice aceitável? Se considerarmos que os países da Europa têm, em sua maioria, taxas abaixo de 2, o número não é bom. Porém, se pensarmos que viemos de taxas superiores a 30, o governo tem que comemorar. Entretanto, reforço, o número está longe do ideal e a busca contínua por índices menores deverá continuar por longos e bons anos ainda.

Quando vejo os candidatos discutir, todos se curvam diante desse fato. Porém, muitos levantam que o governo deixou os outros crimes de lado. Focando só nos homicídios, o governo deixou que os roubos e furtos aumentassem sobremaneira. Mas será que isso é verdade? Vamos conferir.

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Figura 2: taxa de furtos por 100 mil habitantes.

Pela figura 2, pode-se ver uma taxa de furtos maior se compararmos 1999 e 2000. Porém, se levarmos em conta os anos de 2003 até 2006, os números estão bem melhores. Assim como nos homicídios, percebe-se uma forte diminuição nos últimos 3 anos.

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Figura 3: taxa de roubo por 100 mil habitantes.

Pela figura 3, pode-se ver que os roubos estão em situação diferente dos demais indicadores. Pelo que se pode perceber, os números cresceram muito nos últimos quatro anos, saindo inclusive do limite superior de controle.

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Figura 4: taxa de roubos por 100 mil habitantes.

Se separarmos, como na figura 4, o gráfico em dois estágios, pode-se perceber uma grande mudança em 2014. A média, que até então era de 580 roubos por 100 mil habitantes, passou para 721. É um aumento de 24%. Por meio da análise, faz-se importante entender qual o real motivo que forçou essa alta expressiva na taxa de roubos no Estado de São Paulo.

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Figura 5: furto e roubo de veículos por 100 mil hab. e 100 mil veículos

Na figura 5, percebe-se o poder do denominador. Se compararmos a taxa de roubos e furtos de veículos por 100 mil habitantes, veremos que caiu, mas que não de maneira constante. Agora, se observarmos a taxa por 100 mil veículos, a queda foi contínua. Isso nos mostra que o número de habitantes cresceu a taxa menores do que o número de veículos.

Qual melhor demonstra a violência: habitantes ou veículos? Na minha percepção, só há furto ou roubo de veículos se houver veículos. Portanto, faz mais sentido olhar a taxa em relação ao número de veículos.

Por meio desses dados, pode-se concluir que a percepção de insegurança no Estado pode estar elevada. Por que? Porque há muitos roubos, ou seja, pessoas estão sendo mais assaltadas do que 2013. Isso, talvez gere uma insegurança maior, pois ser ameaçado por um bandido, está longe de ser algo que encaremos numa boa. Ter nossa vida colocada em risco, é algo impactante para qualquer um.

Como diminuir os roubos no Estado de São Paulo? É algo que espero que o novo postulante a vaga de governador proponha. Para mim, esse argumento é algo que me interessa, pois quanto mais seguro for o Estado, melhor a qualidade de vida.

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Como esta a produtividade da polícia?

A Secretaria de Segurança Pública também disponibiliza indicadores que medem a produtividade da polícia. Ao meu ver, são indicadores interessantes que podem ser correlacionados com as taxas de criminais importantes, como homicídios e roubos.

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Figura 6: ocorrências sobre armas de fogo.

Pela figura 6, percebe-se uma que no número de armas de fogo apreendidas e uma estabilidade no número de ocorrências de porte ilegal de armas. Será que há correlação entre um menor número de armas de fogo apreendidas e o aumento no número de roubos? Não há dados para fazermos uma análise consistente neste artigo.

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Figura 7: ocorrências com entorpecentes.

Por meio da análise da figura 7, fica evidente a estabilidade o número de ocorrências de tráfico de entorpecentes e a queda no porte. Quais as eventuais explicações para uma redução no porte e a manutenção no tráfico? Será que a polícia está pegando menos o porte ou há uma queda no uso de drogas? O que vocês acham?

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Figura 8: número de prisões efetuadas.

Por último, pode-se analisar o número de prisões efetuadas pela polícia. Parece que o número também está estável. Nos meses o número de prisões está dentro da variação normal do processo.

 

Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

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