Consultor de negócios: cartas à um jovem consultor de melhoria
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26 de junho de 2015

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

Consultor de negócios: cartas à um jovem consultor de melhoria

O que é um consultor de negócios?


Consultor de negócios: o post de hoje vai especialmente para os jovens consultores, coordenadores ou analistas que trabalham com projetos de Lean Six Sigma no seu dia a dia. A dica é: sigam o método e não se afobem, caso contrário, a chance do projeto naufragar é enorme. É por isto que certificar-se Green Belt e Black Belt é fundamental.


Independente do histórico escolar ou velocidade de raciocínio, todos jovens analistas e consultores sofrem do mal da ansiedade. Todos estão ansiosos para mostrar os resultados que suas mudanças trarão à organização e o quanto trarão de ganho.


Num típico projeto de Six Sigma, começamos sempre com a fase DEFINE. Nela definimos o VOC, por meio da árvore CTC (crítico para o cliente), elaboramos nossos primeiros SIPOCs para entendermos o terreno em que estamos pisando e finalizamos elaborando o contrato de melhoria ou Project Charter. Até aí, perfeito. A segunda fase é o MEASURE.


Nela usamos as ferramentas para realizar a coleta e análise dos indicadores que nos permitirão entender qual a situação do processo que estamos querendo melhorar. Aí começam os problemas.Coletando indicadores e analisando-os já é possível identificar várias oportunidades de mudança. Fica nítida, neste primeiro momento, a enorme quantidade de dinheiro que a empresa está perdendo (ou deixando de ganhar). Nesta hora, nosso jovem consultor de negócios começa a ficar mais ansioso que nunca.



Como pensa o Jovem Consultor de negócios?


Ele fica como criança quando vê um pirulito, mas como a criança, ir com muita sede ao pote, atropelando o método pode fazê-lo se lambuzar. Neste momento, ele como responsável pelo projeto não deve deixar que os demais membros comecem uma busca cega pela implementação das mudanças pensadas.


É muito comum nestas situações, que tanto a equipe como o consultor júnior, partam para a implementação das mudanças, pulando a fase ANALYSE e os testes em pequena escala. Quando isto acontece, é alta a probabilidade da equipe propor mudanças que combatam efeitos e não as verdadeiras causas. Tais mudanças, no máximo, surtirão efeito no curto prazo. Reitero a minha dica: não façam isto.


É possível achar mudanças elementares no início do projeto que vão trazer melhoria significativa? Sim, é possível. Este tipo de mudança é chamado de ganhos rápidos ou quick-wins, porém, tentar utilizar deste artifício já no seu primeiro ou segundo projeto é loucura. Este é um artifício que só deve ser usado por profissionais mais experientes, que irão conseguir manter a equipe no foco, utilizando-os como pontos extras. Se o gerente do projeto deixar a equipe escapar para a implementação louca de mudanças nesta fase, repito, o problema pode ser grave.


Ao largar o método, o consultor conduzirá as mudanças e o projeto somente com base no bom senso e na experiência da equipe. E, bom senso é uma coisa complicada, pois quem de vocês já ouviu falar de alguém que se julgava sem? Todos acham que tem e assim, defender uma determinada mudança ficará mais no plano da persuasão vazia do que a munida de dados experimentais.



Quais os riscos da carreira de consultor de negócios?


O próximo passo desta situação é o junior ser fuzilado pelos mais velhos nas reuniões, pois quando ele for questionado irá amparar suas sugestões nas opiniões dos demais membros da equipe e não na aplicação sistemática das ferramentas. É aí que ele dança, pois ninguém irá defendê-lo quando a primeira mudança atrasar seu prazo de implantação ou alguém mais experiente confrontá-lo com dados contrários a predições do grupo.


Mudar em cima de hipóteses é furado, portanto, siga o roteiro. Aproveite o ANALYSE e nele use e abuse das ferramentas que lhe ajudará a chegar às mudanças mais promissoras. Aplique as sete da qualidade, use tecnologia, seja criativo e não se esqueça dos conceitos de melhoria. Com todas as mudanças listadas, testes as mais promissoras. É um PDSA apenas, não dói.


Durante a busca pelo aumento de tráfego em nosso site, evitamos anunciar em uma revista e perder 10 mil reais em propagando que não surtiram efeito nenhum, somente testando em pequena escala por meio de um PDSA. Por fim, bem embasado e seguro de suas mudanças, elabore um plano de implementação e vá até o final, pois agora você seguiu o roteiro e tem uma base sólida para argumentar. Seja político sempre, negocie a implementação ao máximo e busque fugir dos confrontos, porém seja firme.


Agindo assim, certamente seu projeto será um sucesso e irá projetá-lo na organização. Não ceda a pressão das pessoas por resultados rápidos e sem consistência. Este maldito vício brasileiro o fará perder prestígio e realizar o projeto novamente. Boa sorte e conte com o nosso apoio. Este é um relato de alguém que já enfrentou situações parecidas, escorregando pela ansiedade durante os projetos do estágio e entrando nos trilhos ao receber orientação de um sênior.



Como é uma análise de um jovem consultor de negócios?


Google Trends: essa é a ferramenta do consultor de negócios ). Esta ferramenta mostra a evolução do número de buscas no Google de determinadas palavras chave. Além de divertido, isto nos permite estimarmos quais assuntos estão ganhando relevância e quais não. Desta forma, podemos tomar ações para o lançamento de novos produtos e serviços.


Mas dá para utilizar, segundo Nate Silver, esta ferramenta para predizer eventos. Segundo ele, por meio do acompanhamento do número de buscas pelo termo “seguro desemprego” é possível predizer o índice dos próximos meses. A teoria por trás é: se eu sei que haverá um corte na minha empresa, já começo a me preparar para ele e, a primeira coisa que eu farei é buscar no Google como faz conseguir o seguro. Será que isto tem a ver? Vamos comparar a taxa de desemprego com o indicado do Google? Vamos lá ver como o consultor de negócios faz.


Google Trends

Figura 1: Gráfico de tendência entre as buscas pela palavra chave "Seguro Desemprego" e a taxa de desemprego.


Google Trends

Figura 2: Gráfico de dispersão entre as buscas pela palavra chave "Seguro Desemprego" e a taxa de desemprego.



Google Trends


Pelos gráficos da figura 1 e da figura 2, não é possível verificar correlação entre estas variáveis, não para o período estudado. Uma hipótese para isto pode ser o baixo número de usuários do Google e da rede antes de 2010.  Mas pelo gráfico da figura 1, dá para ver que os dois gráficos andam juntos depois do início da crise, em dezembro de 2008. Como esta ferramenta só é boa quando tem bastante gente acessando, podemos fazer um teste: cortar os dados anteriores a 2009 e verificar se a coisa melhora. Fizemos isto nas figuras 3 e 4.


Google Trends

Figura 3: Gráfico de tendência entre as buscas pela palavra chave "Seguro Desemprego" e a taxa de desemprego após 2009.


Google Trends

Figura 4: Gráfico de dispersão entre as buscas pela palavra chave "Seguro Desemprego" e a taxa de desemprego após 2009.


E agora, o que vocês pensam dos gráficos da figura 3 e 4? Será que o Google Trends é uma boa ferramenta para predizer o comportamento da taxa de desemprego? Se o Trends for uma boa ferramenta para predizer a taxa de desemprego, você conseguirá, antes do IBGE, ter um bom palpite sobre o índice e quem sabe, fazer uma apostinha naquelas ações que se beneficiariam com uma boa ou má notícia sobre o índice. Querem mais alguma análise? Eu fiz outras, mas não vou colocar. Espero comentários. Para aprender estas e muitas outras análises, sugerimos o Black Belt e Green Belt FM2S.


Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.