Qual é o índice da miséria ou taxa de desconforto do Brasil?
índice da miséria

05 de março de 2017

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

Qual é o índice da miséria ou taxa de desconforto do Brasil?

O que é o Índice da Miséria?


Índice da miséria ou também chamado de taxa de desconforto foi criado nos anos 60 pelo economista americano Arthur Okon, que chefiou o Conselho Econômico da Presidência na administração de Lyndon Johnson.


Esse índice é a soma do desemprego e da inflação dos últimos 12 meses. Como o índice de desemprego está mais complicado de encontrar, por ser coletado por meio da PNAD contínua trimestral, optei por fazer o índice para a região metropolitana de São Paulo. Portanto, aos puristas, pode ser que haja pequenas diferenças com outros cálculos que levaram em conta o desemprego em todo o Brasil ou, em outras regiões metropolitanas.



Como medir o Índice da Miséria?


Mas vamos aos dados e a análise, afinal, é por isso que estão aqui, não é mesmo? Por onde começar uma análise de uma série histórica? Acertou você quem falou do gráfico de tendência.


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Figura 1: gráfico de tendência do índice da miséria.


Na fig. 1 é possível ver a índice da miséria de janeiro de 1996 até dezembro de 2016. São 11 anos de sobes e desces de nosso índice da miséria. E, ao observar o gráfico, fica claro o porquê da catástrofe, já que a população estava acostumada a um índice da miséria de 13%. Ao ver mais que dobrar o desconforto, em pouco mais de 6 meses, a população não aguentou.



E qual a taxa de desconforto?


E o Lula? O Lula saiu “nos braços do povo”, até o PT afundar-se com a Dilma, porque aconteceu exatamente o contrário. Quando foi sua primeira eleição, esse indicador chegou a marcar 30%, mas ao sair, estava em torno de 13%. Imagina que você carregava 30 kg. Tempos depois, esse fardo foi reduzido para 13 kg. Você iria sentir-se mais aliviado? Certamente, não?


Mas, como será que se comportou o desconforto nos governos do período?


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Figura 2: gráfico de tendência do índice da miséria por governo.


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Figura 3: box-plot do índice da miséria por governo.


Olha que coisa interessante pessoal. Se olharmos para a figura 2 e para a figura 3, podemos concluir que os problemas ocorrem quando aumentamos o desconforto. Por que digo isso? Porque pela figura 3, o governo de FHC em a maior mediana de desconforto, seguido por Lula e pela Dilma. Mas se analisarmos o índice de aprovação ao final do mandato, veremos um ranking contrário. E como medir o aumento do desconforto? Que tal um gráfico de controle para medirmos a variação do índice da miséria mensalmente? Aí, poderíamos analisar o impacto do aumento e da redução dessa, na expectativa e sensação do povo.


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Figura 4: gráfico de controle da variação no índice da miséria por governo.


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Figura 5: box-plot da variação do índice da miséria por governo.



E agora?


Parece que agora, as coisas fazem mais sentido. Pela figura 4 é possível perceber que a média de aumento de desconforto foi maior no governo Dilma, o que fica claro ao analisarmos a mediana na figura 5. Parece que o governante tem que cuidar do emprego e da inflação. Se não fizer isso, deixando esses dois crescerem, o seu governo tenderá a ter sérios problemas.


E será que o índice de confiança do consumidor, medido pela FECOMERCIO/SP tem relação com o índice de desconforto? Será que a variação do índice de desconforto poderá implicar perda na confiança? Para avaliar isso, fomos atrás dos dados e plotamos a análise da figura 6.


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Figura 6: análise de correlação entre variação no índice de confiança do consumidor e no índice da miséria.


Pela figura 6, não podemos afirmar que há correlação entre a expectativa do consumidor com a variação no índice da miséria. Porém, não era objetivo desse estudo, mas fica como sugestão para os próximos: será que não há alguma relação entre a variação da expectativa e a variação do índice da miséria? Como hipótese, poderíamos partir de que um aumento do desconforto, reduziria nossa expectativa para o futuro.



Como o Seis Sigma deveria olhar o Índice de Desconforto?


Como conclusão, gostaríamos de perguntar aos nossos Green Belts e Black Belts: o que vocês acham? Deixe seu comentário no artigo para que possamos trocar percepções sobre esta análise. Por exemplo, na minha percepção, está mais do que claro que a vigilância da inflação no Brasil deve ser sempre mantida em no alerta máximo. Pois ela afeta dramaticamente no desconforto do brasileiro. Não adianta reduzir os juros tentando atenuar o desemprego, pois essa medida não é sustentável. As experimentações de Dilma levaram o país a crise mais grave já enfrentada na história. Pois quanto maior a inflação, maior o desemprego e maior ainda o desconforto.


A tese da boa inflação caiu por terra. Pois um ponto percentual na inflação não é capaz de segurar 1 ponto percentual no desemprego, já que há uma correlação entre eles. Por mais complicado e doloroso que seja, nosso tripé macroeconômico deve sempre ser respeitado.

Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

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