Quais são os 5 conceitos de gestão que valem a pena?
Carreira

05 de maio de 2017

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

Quais são os 5 conceitos de gestão que valem a pena?

Quais são os bons conceitos de gestão?


Vários leitores desafiaram-me a fornecer alguns conceitos de gestão que realmente funcionam. A maioria deles, está cansada de ideias prontas e conceitos de gestão de palco.


Eu hesitei no início, porque não há um conceito de gestão tão excelente que não possa ser transformado em porcaria por um gerente ruim. No entanto, assim como há alguns conceitos (como tratar downsizing como uma estratégia) que tendem a criar um comportamento burro, existem outros conceitos que tendem a criar um melhor comportamento. Há conceitos que passam o recado correto. Isso é o que este post irá falar.


Eu selecionei cinco conceitos de gestão, cada um dos quais substitui uma maneira comum, mas errada, de pensar. Estes conceitos, baseados em 10 anos de estreita observância de várias culturas corporativas, cobrem os cinco elementos mais importantes da gestão:




  • O que é um negócio?

  • O que é uma corporação?

  • O que é a gestão?

  • O que um funcionário deve ser?

  • Qual é o melhor uso da tecnologia?


Gerentes que seguem esses cinco conceitos de gestão, tendem a ser bem-sucedidos e ter equipes de sucesso.



Qual o conceito de gestão para o negócio?


Trate um negócio como um conjunto de relacionamentos


Em muitas empresas, os executivos imaginam o mundo dos negócios como um campo de batalha e, portanto, criam conflitos entre empresas dentro de um mercado, entre departamentos dentro de uma empresa, entre grupos dentro de uma organização, entre indivíduos em um grupo e (por extensão) entre clientes e fornecedores.


Como resultado, os gerentes constróem grandes impérios e "exércitos" de funcionários para lutar nessa guerra. Os gerentes ordenam as "tropas" ao redor, enquanto as tropas esperam por "ordens de marcha". As mulheres, porque supostamente não são soldados naturais, são consideradas inadequadas para cargos de autoridade. Os clientes tornam-se território a ser conquistado em vez de parceiros potenciais, e a competição é demonizada no "inimigo", mesmo quando pode ser vantajoso fazer parceria com eles.


Em contrapartida, os executivos que tratam o negócio como uma série de relacionamentos (e não apenas alianças) tendem a se concentrar no gerenciamento da complexidade das interações de diferentes organizações e pessoas, tentando realizar diferentes coisas. Ao invés de tentar levá-los a lutar contra algum inimigo imaginário, os executivos tentam trazer os indivíduos e suas organizações ao alinhamento, para que todos trabalhem para um propósito comum.


Nas empresas onde esse conceito domina, os gerentes tendem a ser mais cooperativos. Porque a ênfase está nos relacionamentos, as pessoas são mais propensas a se conectar um a um, fazendo panelinhas. E as mulheres por cima no jogo, porque muitas vezes têm habilidades superiores para a construção de relacionamento. Mais importante ainda, tais organizações raramente tratam os clientes como território a ser conquistado. Isso permite que as equipes de vendas foque na construção de relacionamentos com os clientes e, até com os concorrentes quando faz sentido fazê-lo.



Qual o conceito de gestão para incluir seus pares?


Considere a empresa como uma comunidade


Muitos executivos tendem a pensar em sua empresa como uma vasta máquina que eles precisam controlar. Isso naturalmente reduz os funcionários em engrenagens sem rosto onde ninguém é indispensável, e todo mundo é tão substituível como uma peça de reposição. Iniciativa, objetivos e desejos individuais são considerados como sendo completamente desprezíveis pelas demandas da máquina corporativa.


Gerentes que gostam da analogia da máquina, tendem a criar equipes rígidas com funções rígidas exercendo atividades rígidas. Gerentes e trabalhadores se convencem de que a mudança é muito difícil, semelhante à reformulação de uma máquina complicada.


Tais gerentes tendem a pensar em si mesmos como "controladores", cujo trabalho é assegurar que as pessoas sigam as regras do "sistema". Os funcionários são tratados de maneira desumana enquanto a corporação centraliza o controle no topo. O que é pior, equipes de vendas trabalhando para essas organizações estão constantemente lutando para garantir recursos para ajudá-los a vender. Eles sofrem diariamente para fazer a máquina responder de uma forma que corresponda às necessidades do cliente, em vez das necessidades da máquina corporativa.


Por outro lado, quando executivos e gerentes veem suas organizações como comunidades de indivíduos, todos com esperanças e sonhos individuais, eles começam a encontrar formas de conectar essas esperanças e sonhos ao propósito da organização. Isso não é ser hippie. Muitas empresas, por exemplo, estão usando testes psicológicos para ajudar os gestores a descobrir como fornecer coaching personalizado às capacidades de aprendizagem de cada indivíduo.


Quando os funcionários sentem que são valorizados como indivíduos, eles se dedicam mais facilmente aos objetivos da organização. Eles são mais propensos a desfrutar dessa contribuição para o seu próprio sucesso, o sucesso de seus pares, e o sucesso da comunidade em geral. Qualquer um que trabalhou neste tipo de organização, lembra-se dela como uma experiência maravilhosa para o resto de sua vida. (Infelizmente, essas experiências são terrivelmente raras.)


Melhor ainda, quanto mais comunidade se torna uma corporação, mais fácil é para os profissionais de vendas fazerem as coisas, porque as comunidades são naturalmente mais flexíveis e orientadas para o serviço do que para as máquinas. Idealmente, o conceito de comunidade começa a abraçar os clientes também. Eu trabalhei em ambientes, por exemplo, onde os clientes saiam tomar uma cerveja com os funcionários depois do trabalho, só porque eles se respeitavam e haviam se tornado amigos.



Qual é a postura que um gestor deve ter?


Redefina a gestão como uma posição de servir


Infelizmente, muitos gerentes pensam no trabalho de gerenciar como uma questão de controlar o comportamento do empregado. Apesar do serviço verbal a "emponderamento" e "liderança", o principal impulso da administração é garantir que os funcionários façam exatamente o que o comando quer que eles façam.


Sob tais regimes, os funcionários que discordam de um gerente ou se recusam a fazer alguma coisa são "insubordinados" e, portanto, perigosos. Muitas vezes, o grupo de RH começa a compilar um dossiê sobre o "perturbador" que não pode ser adequadamente controlado.


O resultado natural de ver a administração como uma função de controle é a criação de organizações frágeis que não podem se adaptar a novas condições. Muitas vezes isso acontece porque vários gerentes em vários grupos criam estruturas de poder conflitantes, cada uma das quais tentando "controlar" o que está acontecendo. Pior caso, você acaba com intermináveis guerras e com gerentes envolvidos em uma atmosfera política digna do famoso seriado House of Cards.


Sempre que isso acontece, o trabalho produtivo torna-se difícil, senão impossível. Iniciativa individual é morta em favor de um "vamos esperar e ver o que o chefe diz”. Por exemplo, profissionais de vendas que são gerenciados desta maneira pagam um imposto razoavelmente grande com sua produtividade, provavelmente de ao redor 30 por cento. Isso é, 30 por cento mais vendas que poderiam ser fechadas se a equipe de vendas não tivesse algum big brother olhando por cima do ombro e se intrometendo na venda.


Por outro lado, quando uma cultura corporativa pensa em gestão primária como uma posição de serviço, você recebe treinadores em vez de ditadores. Livre do ônus da tentativa de "controlar as coisas", os gerentes podem mais facilmente definir uma direção e obter os recursos que os funcionários precisam para fazer o trabalho. Há menos conversas sobre "liderança" e "empoderamento" e mais sobre como ajudar as pessoas a se tornarem mais bem-sucedidas.


Quando os gerentes são vistos como sendo "servis", a tomada de decisão mais naturalmente se move para baixo, alcançando o nível mais adequado da empresa. As equipes tendem a formar suas próprias regras e direções sem interferência. Além disso, o ímpeto para os salários de administração enormes vai embora e o abismo entre a gerência e os empregados é eliminado. Isso é uma coisa boa.


A propósito, se você quiser ver como esse tipo de gestão funciona, olhe para qualquer equipe de vendas que tenha:




  • 1) baixa rotatividade, e

  • 2) alta produtividade.


Treinamento de vendas é um fenômeno relativamente bem compreendido e, embora haja uma abundância de gerentes de vendas controladores, há um número razoável de pessoas que entendem essa ideia de servir e a coloca na prática diária.



Como tratar sua equipe?


Trate seus colaboradores como adultos


Triste dizer, mas muitos gerentes de topo pensam em seus empregados como crianças rebeldes que são muito imaturas e tolas para ser atribuído autoridade real, e simplesmente não pode confiar nelas. Você vê na crença implícita (e regras explícitas) que os funcionários são naturalmente quebradores de pedra e ladrões.


Os empregados sujeitos a este tipo de paternalismo de gestão sempre desenvolvem um profundo e persistente ressentimento em relação a ela. Ironicamente, ele joga todos os problemas de volta para a gestão com comportamento passivo-agressivo que na verdade é bastante infantil.


Existem milhares de organizações cheias de funcionários que foram infantilizadas até o ponto em que se recusam a fazer qualquer coisa até que eles estão certos de que eles não serão culpados se algo der errado. Nessas equipes, os funcionários passam mais tempo "cobrindo as bobagens" do que fazendo trabalho produtivo. Funcionários nessas organizações só funcionam quando eles estão sendo observados, caso não estejam, fazem nada de propósito.


A coisa mais importante que um gerente pode fazer é quebrar esse tipo de pensamento e começar a tratar os funcionários como adultos inteligentes. Quando os gerentes pensam em seus empregados como adultos e, portanto, como pares, eles acham mais fácil gerenciar sua equipe e formar times auto motivados. Gerentes que veem os funcionários desta forma tendem delegar para o empregado quando se trata de lidar com a área de conhecimento do seu colaborador. A micro gestão torna-se quase impossível.


Esta maneira de pensar, rapidamente contamina positivamente as práticas de contratação. As empresas que pensam nos empregados como crianças, tendem a contratar pessoas imaturas e irresponsáveis. Em contraste, quando as empresas esperam comportamento adulto, elas tendem a encontrar e contratar ... adultos. Um maior nível de desempenho começa a aparecer em todos os lugares, da doca de cargas até a sala de reuniões. Funcionários em todos os níveis assumem o seu próprio destino e param de agir como chorões quando as coisas dão errado.



Como misturar conceitos de gestão e tecnologia?


Use a tecnologia para criar flexibilidade


A introdução da tecnologia em empresas que aderem às velhas crenças (que enxergam o negócio como um campo de batalha) tem sido, em grande medida, desastrosa. O que acontece neste caso é que a tecnologia é aproveitada para fortalecer o controle da gerência e infantilizar ainda mais os funcionários. E o pior é que quanto mais a tecnologia se torna uma ferramenta de controle, mais ela é usada para automatizar processos, moldando-os de maneira fixa. O resultado final é uma empresa frágil que acha mais difícil mudar e se adaptar. De modo que ele se torna o famoso jabuti na árvore.


Essa maneira, mecanicista de pensar, transforma a tecnologia em um grande obstáculo para a moral. Os funcionários se sentem desumanizados e transformados em meros anexos ao sistema, cujas necessidades se tornam muito mais importantes que as necessidades dos próprios funcionários. Como engenheiro, lembro até hoje do nosso juramento.


Como resultado, os funcionários se afastam dos objetivos corporativos e podem até se entregar a sabotagem do sistema de computador. Ironicamente, isso muitas vezes confirma a crença da gerência de que os funcionários não podem ser confiáveis, acentuando ainda mais a bagunça organizacional.


Usando a tecnologia para impor o processo, pode ter um impacto desastroso sobre a capacidade de uma empresa para vender. Muitas vezes, as equipes de vendas são pressionadas a adotar conceitos de CRM que as obrigam a seguir processos semelhantes a máquinas, que estão sempre calculando as probabilidades de realização das vendas. Como resultado, a equipe de vendas deve trabalhar constantemente para subverter o sistema, a fim de fazer sua quota. Insano!


A coisa triste sobre tudo isso é que a tecnologia, se aplicada corretamente, pode automatizar o trabalho repetitivo e chato, liberando assim seres humanos para atividades criativas, para construção de relacionamentos e para conversas significativas. No entanto, isso só acontece se a gerência desiste da ideia de usar a tecnologia para centralização do controle.


Em outras palavras, quando se trata de tecnologia, prefiro os "iPhones " que são para todos, aos "padrões corporativos do ERP". Quanto mais leve a mão-de-obra de uma empresa está no uso da tecnologia, mais produtiva ela se torna. Os outros quatro conceitos listados acima tornam-se muito mais fáceis de implementar, porque a tecnologia incentiva esse modo de pensar, ao invés de reforçar o comportamento de gestão fundamentalmente controladora.


Nem preciso dizer que todos esses conceitos, nas mãos de um malandro corporativo, vão acabar gerando atitudes de esperteza e má gestão. Mesmo assim, são conceitos que, em geral, tendem a levar a uma gestão melhor e mais eficaz.


No entanto, isso só é verdade quando todos os cinco são implementados de maneira integrada. O que estamos realmente olhando são duas maneiras de ver o mundo dos negócios. A maneira tradicional de pensar é que o negócio é um campo de batalha, portanto, precisamos de uma máquina de guerra para o combate e um exército de funcionários estúpidos com oficiais corporativos para ordená-los.


Porém, a melhor maneira de pensar, como expressa neste post, é que o negócio é uma comunidade e, portanto, precisamos construir relacionamentos entre adultos e torná-los mais capazes de fazer o seu trabalho.



É realmente tão simples?


Sim. Posso assegurar que seja em nossos treinamentos de Lean, seja no White Belt, Green Belt ou Black Belt, sempre defendemos isso. Mas se o patrão senta o funcionário deita. Será? Ou será que estamos nos forçando a reforçar o pensamento velho que já temos? Pensem nisso. Se gostaram desse post, por favor, compartilhem!

Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.