Logística inbound  e outbound
Melhoria de Processos

15 de maio de 2017

Última atualização: 04 de julho de 2023

O que é logística Outbound e logística Inbound?

Logística Inbound é um termo para se referir, essencialmente, ao transporte, armazenagem e entrega de bens e serviços para dentro de um negócio, ou seja, o seu negócio está adquirindo bens ou serviços de um fornecedor externo. Já a Logística Outbound compreende as mesmas atividades, mas do seu negócio para seus clientes. Sendo assim, a Logística Inbound e a Logística Outbound são duas divisões da cadeia de suprimentos – a famosa “Supply Chain“.

O objetivo do gestor deve ser maximizar a confiabilidade, a responsividade e a eficiência da sua cadeia de suprimentos e, para isto, devem estudar seus processos de logística tanto inbound, quanto outbound, de modo a minimizar seus custos de transporte e de armazenagem.

Sendo assim, compreender e diferenciar os processos inbound dos outbound pode fornecer importantes insights para desenvolver uma estratégia racional e eficiente de gestão das atividades e dos riscos envolvidos com a cadeia de suprimentos.

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O que é logística inbound?

A logística inbound abrange tudo aquilo que sua empresa encomenda de fornecedores, o que pode incluir serviços. ferramentas, matérias-primas, material de escritório e qualquer outro tipo de inventário. São, portanto, os processos que garantem que as atividades de rotina da companhia possam ser desenvolvidas dentro dos padrões e especificações necessários.

A logística inbound, dentro de uma empersa, é responsável por:

  • Planejamento e programação: Envolve o desenvolvimento de planos estratégicos para a gestão eficiente do processo de entrada de materiais, levando em consideração a demanda, prazos, disponibilidade de recursos, capacidade do armazém, entre outros fatores.
  • Gestão de fornecedores: Compreende a seleção, qualificação, negociação e estabelecimento de parcerias com fornecedores confiáveis e eficientes. Isso inclui a definição de requisitos de qualidade, prazos de entrega, acordos contratuais e monitoramento do desempenho dos fornecedores.
  • Gerenciamento de compras: Envolve a realização de compras de materiais e produtos necessários para a operação da organização, considerando aspectos como quantidade, qualidade, preço, prazos de entrega e condições contratuais.
  • Recebimento e inspeção: Compreende o recebimento físico dos materiais e produtos enviados pelos fornecedores, bem como a inspeção para garantir que atendam aos requisitos de qualidade, quantidade e conformidade.
  • Armazenamento e gerenciamento de estoque: Inclui o armazenamento adequado dos materiais recebidos, a organização eficiente do estoque, a identificação e rastreamento dos itens, além do controle dos níveis de estoque e da implementação de estratégias de gestão, como Just-in-Time (JIT) ou Kanban.
  • Gestão de transportes: Envolve o planejamento, agendamento e monitoramento dos transportes de entrada, desde a coleta dos materiais na origem até a entrega no local de destino. Isso pode incluir a coordenação com transportadoras, otimização de rotas e gestão de documentos e custos de transporte.

E o que é a logística outbound?

A logística outbound, por outro lado, lida quase que exclusivamente com seus produtos finais ou com os serviços prestados pela sua empresa. São, portanto, os processos que permitem à sua empresa entrar em contato com o mercado consumidor de forma rápida e eficiente, garantindo o seu lucro operacional.

A importância destes processos é tão grande que, como mostramos no nosso curso de Lean Logistics, boa parte das decisões de compra são realizadas no momento em que o cliente está diante da escolha entre um fabricante e outro, e, em uma grande parcela dos casos, não haver um produto disponível para venda imediata pode representar a perda irreparável de um cliente da companhia, especialmente para aqueles que comercializam produtos com grande número de concorrentes de qualidade e preço semelhante.

Dito isto, logística outbound realiza as seguintes atividades:

  • Picking e embalagem: Envolve a coleta dos produtos do estoque com base nos pedidos dos clientes (picking), a verificação da precisão dos itens selecionados, a embalagem adequada dos produtos e a aplicação de etiquetas de identificação e informações de remessa.
  • Gestão de estoque: Inclui o controle contínuo dos níveis de estoque de produtos acabados, o monitoramento da demanda e a reposição adequada para atender às necessidades dos pedidos dos clientes. Estratégias como o Just-in-Time (JIT) e a gestão baseada em demanda podem ser aplicadas para otimizar os níveis de estoque.
  • Armazenamento e preparação para envio: Compreende a organização eficiente dos produtos no armazém, a preparação dos produtos para envio, incluindo a consolidação de pedidos, a paletização (quando necessário) e a etiquetagem adequada dos volumes para facilitar a identificação e o transporte.
  • Gestão de transportes: Envolve o planejamento, agendamento e monitoramento dos transportes de saída, desde a coleta dos produtos no armazém até a entrega no local de destino. Isso pode incluir a coordenação com transportadoras, otimização de rotas, rastreamento de remessas e gestão de documentos e custos de transporte.
  • Distribuição física: Compreende as atividades relacionadas à distribuição física dos produtos aos clientes ou pontos de venda, como carregamento dos veículos de transporte, roteirização para entrega, acompanhamento de entregas e resolução de problemas relacionados a atrasos, danos ou devoluções.
  • Serviço ao cliente: Inclui o fornecimento de suporte e informações aos clientes sobre o status dos pedidos, prazos de entrega, rastreamento de remessas, resolução de problemas e atendimento às solicitações de pós-venda.

Quais são as diferenças entre a Logística Inbound e Logística Outbound

A logística inbound e a logística outbound são duas partes distintas, porém interdependentes, da cadeia de suprimentos. Enquanto a logística inbound lida com as atividades relacionadas à entrada de materiais e suprimentos na organização, a logística outbound gerencia as atividades de saída de produtos acabados para os clientes.

A principal diferença entre elas reside nos fluxos de materiais e produtos que são gerenciados. Na logística inbound, o foco está no fluxo de entrada, que envolve a gestão de fornecedores, o recebimento e a inspeção de materiais, o armazenamento adequado e o gerenciamento de estoque para garantir que os materiais necessários estejam disponíveis no momento certo e nas condições adequadas.

Já na logística outbound, o foco é no fluxo de saída, que abrange o gerenciamento de pedidos, o picking e a embalagem dos produtos, o armazenamento e a preparação para o envio, a gestão de transportes e a distribuição física para entregar os produtos aos clientes ou pontos de venda.

Enquanto a logística inbound está mais relacionada à gestão de suprimentos, à eficiência no recebimento e ao controle de estoque, a logística outbound concentra-se na entrega pontual e eficiente dos produtos aos clientes, no atendimento ao cliente e no gerenciamento de devoluções.

Que influência os parceiros comerciais exercem sobre a gestão da cadeia de suprimentos?

Uma empresa, atualmente, lida com diversos parceiros, tanto do lado inbound quanto do lado outbound de sua cadeia de suprimentos.

A preocupação do lado inbound da gestão se dá com relação entre a empresa e seus fornecedores, enquanto que o lado outbound foca nos processos que permitem à empresa atingir seus clientes. Desta forma, independentemente do lado da cadeia de suprimentos, a empresa terá de lidar e negociar com terceiros, sendo que a própria empresa pode ser o fornecedor de um parceiro, que é seu cliente, ou o cliente de um parceiro, que é seu fornecedor.

Percebe-se, assim, que uma cadeia de suprimentos pode atingir níveis extremamente elevados de complexidade, o que é mostrado na figura abaixo, retirada de nosso curso de Lean Logistics:

cadeia de suprimentos

Como pode ser feita a integração da cadeia de suprimentos, de modo a aumentar sua confiabilidade?

Como visto acima e abordado extensamente em nosso curso de Lean Logistics, uma cadeia de suprimentos confiável protege a empresa contra excessos ou baixas de demanda, falhas dos consumidores ou fornecedores, bem como riscos de acidente, minimizando os custos, riscos e prejuízos, enquanto que a melhoria contínua da cadeia de suprimentos reduz custos operacionais, como armazenagem, transporte, e todo o custo de mão-de-obra envolvido nestas atividades.

A integração vertical da cadeia de suprimentos é aquela que se dá na forma de fusões e aquisições: uma companhia compra ou se funde a um ou mais de seus fornecedores ou mesmo empresas que eram suas clientes. A integração vertical pode aumentar bastante a eficiência da cadeia de suprimentos, bem como pode produzir vantagens de custo e economias de escala, pois reduz a uma única parte a tomada de decisões estratégicas a respeito do funcionamento da cadeia de suprimentos.

Uma integração horizontal também pode ser feita, por meio da cooperação e desenvolvimento conjunto com os parceiros, de acordo com os princípios pregados por Deming, ainda nos princípios do desenvolvimento da Ciência da Melhoria. É uma estratégia que não envolve o comprometimento de uma quantia vultosa de dinheiro, que pode mesmo nunca resultar no lucro esperado e levar a companhia a uma situação bastante delicada.

Qualquer que seja a estratégia adotada pela empresa, é preciso compreender a importância da integração da cadeia de suprimentos: uma cadeia completamente integrada é capaz de sincronizar os processos de logística inbound e outbound, por meio dos menores tempos de resposta e da automatização dos processos de ordenamento e entrega, do compartilhamento de espaços físicos, tais como armazéns, meios de transporte e motoristas, e cooperação mútua entre gestores de áreas diversas, buscando atingir resultados proveitosos para todos. Isto inclui desde acordos de precificação, volume dos contratos, termos de entrega, e até mesmo definição conjunta de design dos produtos que são gerados ao fim de toda a cadeia de suprimentos.

Como definir de quem é a responsabilidade e aumentar a confiabilidade do processo de transporte?

É sempre importante a assinatura formal, entre os diversos parceiros, de contratos que definam de forma clara quem é financeiramente responsável por quaisquer danos que ocorram aos bens transportados, entre cada nó da cadeia de suprimentos. A Câmara Internacional do Comércio define vários modos tradicionais de contratos que podem ser úteis de se verificar, e fornecem um padrão a ser seguido pelos contratos que envolvam transporte de bens.

Seguir os modelos propostos pela Câmara, no documento "Delivered Duty Paid" é uma boa prática, pois lá estão inclusos os principais custos e requerimentos que devem ser abordados pelo contrato, impedindo desentendimentos ou não-conformidade de expectativas, que possam ser gerados pela falta de experiência de uma das partes. Além disso, a definição clara das responsabilidades de cada um aumenta o grau de comprometimento, bem como a confiabilidade do processo como um todo.

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Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.