Mentira: por que você mente em algumas perguntas?
Análise de dados

26 de dezembro de 2016

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

Mentira: por que você mente em algumas perguntas?

Você gosta de falar mentira?


Mentira: diante de tanta corrupção e histórias estranhas de mentira no Brasil, resolvi pesquisar um pouco mais sobre o tema. E, comecei a vasculhar alguns artigos e um livro que comprei recentemente, chamado “Quando Roubar um Banco”. Nele há um artigo interessante que busca questionar a mentira, por meio da pergunta: por que você mente?


O autor começa provocando por meio da afirmação: “eu sempre me surpreendo de ver como é fácil e barato para nós, seres humanos, mentir”. Ele pergunta se você já mentiu, ao conversar com um amigo, sobre ter lido um livro. E aí, você já fez isso? O autor aposta que sim e indaga: por que mentir num troço tão sem importância?


A mentira do livro é o que pode-se chamar de mentira de reputação: você se preocupa com o que outras pessoas pensam a seus respeito. Dentre os muitos motivos pelos quais as pessoas mentem, a mentira de reputação é a mais interessante – em comparação com uma mentira para obter vantagem, evitar problemas, livrar-se de uma obrigação entre outras.



Mentira: estudo


O autor cita um estudo de César Martinelli e Susan W. Parker. O estudo usa um grande conjunto de dados do programa de previdência social do México. Na análise, verificou-se que muitas pessoas omitiam certos itens do formulário de inscrição por temerem serem impeditivos de receber os benefícios.


Na lista de itens omitidos, alguns são bem interessantes. 83% dos participantes omitiam possuir carros, seguido por 82% Van, 80% gravador de vídeo, 74% TV por satélite e assim por diante. Essas omissões não chegam a surpreender, pois era mesmo de se esperar que as pessoas mentissem para levar alguma vantagem num benefício previdenciário. Mas o que surpreendeu os pesquisadores foi com a mentira contrária. Com os itens que eles não possuíam, mas falavam que sim.


Por exemplo, 39% das pessoas não tinham banheiro em casa, mas falavam ter. Água corrente teve um número de 32%, seguido por fogão a gás, piso e geladeira. Por quê mentir para mais, se eles queriam mostrar que tinham menos para terem um benefício maior?



Vergonha da mentira


Segundo os autores, a resposta é a vergonha. As pessoas mais terrivelmente pobres aparentemente também eram as mais terrivelmente preocupadas em não admitir para um funcionário da previdência que viviam sem um banheiro em casa, ou água corrente, ou mesmo piso de concreto. É uma das mais incríveis mentiras de reputação que pode-se imaginar.


Como Deming dizia, o processo é feito para entregar o que ele entrega. O programa Oportunidades do governo mexicano dava muitos incentivos para a mentira, pois os benefícios em dinheiro equivalem a 25% dos gastos domésticos do candidato médio. Além disso, a penalidade por omissão de itens não era muito pesada: muitas pessoas apanhadas na mentira não foram excluídas do programa. Mas também é verdade que a penalidade por mentiras para mais, por outro lado, era maior, pois a pessoas podia ser excluída do programa, onerando esse tipo de mentira.


O estudo pode ter amplas implicações não só para os programas assistenciais como para qualquer projeto em que os dados sãos fornecidos pelos próprios interessados. Basta pensar nos habituais levantamentos sobre o uso de drogas, comportamento sexual, consumo de álcool, preferências eleitores e comportamento ambiental, por exemplo.


O estudo fornece uma sólida base para entender o porquê mentimos e para desconfiarmos dos dados colhidos dessa maneira. Com a expansão do Big Data e da disponibilidade dos dados, acabamos não analisando a probabilidade de mentira implícita neles. Quantos artigos vemos na internet que não passam de meras mentiras deslavadas?



Atualmente


Hoje, por exemplo, uma onda de ferramentas para indicação de produtos lançou-se pela internet. Por meio de um simples site, é possível replicar os famosos esquemas de pirâmide, sempre defendidos como marketing multi-nível. Qual é a probabilidade de eu indicar algo inútil a alguém só para ganhar uma boa comissão? Qual é a probabilidade de uma “mentirinha” como essa? Ou pior, qual a probabilidade de eu sentir-me enganado, mas passar o engano à diante só para livrar-me do prejuízo?


Por acreditarmos nas soluções que dispomos, sempre liberamos degustações de nossos cursos, sem mentiras ou sem propagandear professores que nunca darão os cursos. É triste ver como as mentiras banalizaram-se pelo Lean Seis Sigma. Em nosso White Belt, Green Belt ou Black Belt, você contará com o que temos de melhor e não mentiras de reputação. Porque nós descobrimos uma coisa interessante: conhecimento também cabe no currículo. Um Green Belt formado por ppts narrados  acompanhados por materiais pobres, não dará conta de explicar análises básicas na entrevista. E, assim como nós, os recrutadores de nossa rede já descobriram isso. Portanto...

Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.