Como anda o Desemprego e a Educação no Brasil?
Seis Sigma

20 de julho de 2018

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

Como anda o Desemprego e a Educação no Brasil?

Como anda o Desemprego no Brasil?

Faz tempo que não escrevo um blog analisando os dados disponíveis sobre nossa economia. Será que há um alento em meio a tanta notícia ruim? Será que 2018 vai fechar melhor para nossa já, em frangalhos, economia? Para traçar prognósticos, farei aqui o que recomendamos aos nossos Green Belts que façam: measure dados. A educação é fundamental para isso.

E, o que é o measure dados?

Começar por uma avaliação dos números disponíveis sobre desemprego, é sempre uma boa estratégia. Vamos lá? Análise Educação 1

Figura 1: taxa de desemprego população de 18 a 24 anos. Fonte: IBGE

Pela figura 1, é possível verificar que a taxa de desemprego da população entre 18 a 24 anos cresceu de forma expressiva, mais do que a taxa total. O patamar de variação até 2014 era de 15% e, atualmente, chegou a 26,4%. A taxa da população jovem é quase o dobro. Educação

Figura 2:  taxa de desemprego população de 25 a 39 anos. Fonte: IBGE

A figura 2, mostra um crescimento na taxa de desemprego da população entre 25 a 39 anos, mas esta tem um valor menor. Nessa faixa etária, o desemprego no Brasil chegou ao patamar dos 11,24%. Educação 3

Figura 3:  taxa de desemprego população em geral. Fonte: IBGE

Por último, na figura 3, encontra-se a taxa de desemprego geral. Essa, saiu de um patamar de 7% entre 2012 e 2014, pulando para 12,22% em 2015. Por meio dessa análise, é possível verificar que a competição para ingressar no mercado de trabalho ficou maior.

Para cada 4 jovens empregados, há 1 desempregado em busca de emprego. Isso é uma realidade complicada de um jovem enfrentar. Diante desse cenário, pergunta-se: o que pode um jovem fazer, para destacar-se num mercado tão competitivo?

Como está a educação dos jovens no Brasil?

Segundo a Sinopse da Educação 2016, o número de alunos formados no ensino superior nesse ano alcançou 1 milhão e 600 mil. Desses, 79% vieram de instituições privadas e 21% de instituições públicas. Diante disso, fica claro que apenas graduação não é mais suficiente para garantir a vaga de trabalho nesse mercado competitivo.

Só tecnólogos, em 2016, formaram-se 215 mil alunos. Tal número, é um indício forte que diante das dificuldades e incertezas, agregar mais conhecimento ao currículo é um fator ganhador na hora de disputar uma vaga no concorrido mercado de trabalho. Se olharmos só para o Estado de São Paulo, observa-se que 27% de todos os graduados no Brasil vieram do Estado. Assim, o nível de competição é considerado ainda maior.

Segundo a Sinopse, em 2016, havia 8 milhões de alunos matriculados em cursos de graduação, sendo quase 3 milhões ingressantes no ano de 2016. Esse número, pode significar duas coisas importantes:

  • Teremos uma concorrência maior ainda, nos anos de 2020 e 2021, já que em 2016 o número de ingressantes é 3 vezes maior do que o número de concluintes, ou
  • A taxa de evasão do ensino superior é alta, haja vista que apenas um terço dos alunos que ingressam, concluem sua graduação.

Como está a distribuição dos cursos?

A sinopse também nos mostra quais os cursos com maior número de ingressos e concluintes, podendo assim, analisarmos quais são os cursos com maior oferta e, consequentemente, maior concorrência:

  • Administração: 135 mil concluintes e 300 mil ingressos
  • Engenharia, Produção e Construção: 125 mil concluintes e 378 mil ingressos
  • Engenharia de Produção: 17 mil concluintes e 52 mil ingressos
  • Engenharia Mecânica: 11 mil concluintes e 40 mil ingressos
  • Engenharia de Controle e Automação: 3 mil concluintes e 8 mil ingressos
  • Engenharia de Alimentos: 1,3 mil concluintes e 3,7 mil ingressos
  • Direito: 107 mil concluintes e 255 mil ingressos

Pelos dados, dá para se ter noção da dificuldade que é, para um profissional, conseguir uma vaga no mercado. É interessante notar que todos os cursos da área de Engenharia, tem menos alunos formado do que a área de administração. Se considerarmos 1 milhão de formados, 24% vieram de administração e direito e, apenas 12% da área técnica.

Assim, um administrador com formação em um curso de aperfeiçoamento profissional como o Green Belt e o Black Belt, terá uma vantagem grande ao chegar no mercado. Dentre os 135 mil administradores, menos de 1% tem certificação Black Belt no currículo.

E como estão os concluintes da Graduação a Distância?

Em 2016, 230 mil alunos concluíram graduações à distância. Dentro os concluintes, destacam:

  • Pedagogia: 62,5 mil
  • Ciências Contábeis: 12,5 mil
  • Administração: 24,8 mil
  • Empreendedorismo: 12,5 mil
  • Gestão de Recursos Humanos: 19,8 mil
  • Serviço Social: 15,5 mil

Comparando o percentual nos cursos de graduação à distância, percebe-se uma clara alteração nos cursos de graduação presenciais. 20% dos alunos formados EAD são de pedagogia, número muito superior aos 6,7% do presencial. O mesmo acontece aos demais cursos.

Para concluir, essa passagem rápida pela educação no Brasil, fica claro os desafios para as próximas gerações. Todo ano, um milhão de alunos desembarcam num mercado em que a taxa de desemprego para os jovens de 18 a 24 anos está em 25%. Assim, para os jovens ingressarem com maior sucesso no mercado, será cada vez mais importante uma formação complementar focada no trabalho. Lean, Seis Sigma, Gestão de Projetos, cada vez mais farão partes dos conhecimentos básicos dos universitários.

 

Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.