Como ser inovador e criativo? É possível aprendermos?
Carreira

26 de abril de 2017

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

Como ser inovador e criativo? É possível aprendermos?

É possível ser criativo?


Para algumas pessoas a idéia de “métodos” de criatividade pode parecer estranha. Muitos de nós aprenderam a pensar em criatividade como algo que simplesmente “acontece”, ou que a criatividade é algo somente para certas pessoas especiais. O Dr. Edward de Bono (1992) desenvolveu métodos para o pensamento criativo que podem ser aprendidos e praticados por qualquer pessoa. Em nossos cursos de Green Belt e Black Belt, abordamos as técnicas do De Bono. Porém, em nossa plataforma EAD, temos um conteúdo exclusivo e gratuito: Certificação em Criatividade.


Ao longo dos últimos 45 anos o Dr. De Bono combinou os seus múltiplos conhecimentos de medicina, psicologia e filosofia com a experiência do mundo real, para desenvolver um coleção de métodos de pensamento criativo que se ajusta muito bem com os métodos para melhoria da qualidade tradicionais. Os métodos são sérios, deliberados e sistemáticos; eles não dependem do talento natural puro ou de atitudes “loucas”.


Baseado na teoria e conhecimento de como o cérebro trabalha como um sistema ativo e auto-organizável de informações, as ferramentas do pensamento lateral (criativo) são destinadas a permitir que as pessoas produzam, deliberadamente, idéias que estejam fora dos seus padrões normais de pensamento. Isto, por sua vez, aumenta consideravelmente as chances de produzir novos conceitos e percepções das situações antigas.



Como nossa mente funciona?


A fim de compreender a natureza da criatividade, é útil ter alguma compreensão de como a mente trabalha. Nossas mentes são essencialmente sistemas produtores de padrões auto-organizadores. Isto é, pegamos nossa experiência e tentamos ajustá-la aos padrões que criamos ou que foram criados para nós por aqueles ao nosso redor. O humor é uma boa ferramenta para mostrar este princípio.


Pense numa boa piada que você ouviu recentemente (de modo sério). Ela provavelmente tinha alguma história ou início e, em seguida, vinha o clímax. O que havia de engraçado nela? À medida que a piada era contada, você estava provavelmente viajando por um desses canais de percepção, até que o clímax da piada apanhou você e o atirou dentro de outro canal.


Uma vez dentro do “outro” canal, é perfeitamente lógico olhar para trás, para dentro do canal anterior e entender a viagem que você acaba de fazer. Esta experiência geralmente é engraçada para nós. De Bono inventou o termo pensamento lateral para denotar este processo de encontrar novos canais do pensamento. Muitas vezes canais comuns de pensamento são úteis para nós pois nos ajudam a pensar rapidamente, porém eles podem nos bloquear quando necessitamos de novas idéias.


Assim, o que podemos fazer com esta nossa tendência de pensar em canais? Bastante! Apresentamos aqui vários métodos comprovados como úteis para a geração de novas idéias. Não existe nenhuma garantia de que será formada uma idéia útil, mas as chances aumentam com o uso destes métodos. Seria útil observar que todas as novas boas idéias só parecem boas com uma percepção tardia. Num primeiro exame, muitas idéias “boas” parecerão estranhas. Deve-se salientar:



o pensamento criativo não está proposto aqui como substituto do pensamento crítico para melhoria, mas como um suplemento, muito necessário a ela.

Quais são os métodos para o pensamento criativo?


Para muitas pessoas de Bono é talvez mais reconhecido pelo seu método de pensamento paralelo, amplamente utilizado, chamado de Six Thinking Hats®. Este método é uma “estrutura de suporte do pensamento” (em grupo ou individual) que é projetado para reduzir a “flutuação” do pensamento e foge da abordagem adversária herdada da filosofia grega.


Dentro desta estrutura existe um tempo e lugar específicos reservados para se fazer o esforço criativo deliberado, que freqüentemente falta no pensamento em grupo ou individual. A atribuição deliberada de tempo para a criatividade pode ser por si só um fator positivo. Mas então, dentro desse tempo, podem ser usados métodos intencionais de pensamento criativo (Lateral Thinking™).



Como funciona os Seis Chapéus da Criatividade?


Temos a seguir, um esboço do pensamento envolvido nos seis chapéus. Uma proposta de discussão seria uma mudança nos negócios. Cada um dos seis chapéus seria usado para avaliar a idéia. Quando for a vez de um dado chapéu, só serão permitidos comentários com o tipo de pensamento relacionado àquele chapéu. Na prática, são necessárias habilidades de facilitação para a condução destas sessões.



Chapéu Branco


O chapéu branco é neutro; ele carrega informações. Este chapéu tem a ver com os dados e informações. As perguntas típicas do chapéu branco são:




  • Quais informações temos aqui?

  • Quais informações estão faltando?

  • Quais informações gostaríamos de ter?

  • Como vamos obter as informações?


Chapéu Vermelho


Vermelho, a cor do fogo – tem a ver com os sentimentos, intuição, pressentimentos e emoções. O chapéu vermelho dá permissão para promover estes sentimentos, sem explicações ou desculpas. Os sentimentos não precisam ser fingidos expressando qualquer outra coisa. O pensamento típico do chapéu vermelho é:




  • É isto o que eu sinto sobre este projeto...

  • Meu sentimento mais profundo me diz que...

  • Eu não gosto da maneira como isto está sendo feito...

  • Minha intuição me diz que os preços vão cair...


Chapéu Preto


Pense num severo juiz caindo pesadamente sobre malfeitores. Este é o chapéu da “cautela”. O chapéu preto nos previne de cometer enganos, ou de fazer coisas tolas. Existe para o julgamento crítico. Os comentários do chapéu preto destacam o porquê alguma coisa não pode ser feita, o porquê alguma coisa pode não ser proveitosa. Os comentários típicos do chapéu preto são:




  • Os regulamentos não permitem que façamos isso!

  • Não temos a capacidade para produzir isto!

  • Quando experimentamos um preço mais alto, as vendas caíram!

  • Ele não tem experiência para gerenciar exportações!


Chapéu Amarelo


Pense na luz do sol; ela representa o otimismo e a visão positiva lógica das coisas. O chapéu amarelo procura a viabilidade e como algo pode ser feito. O chapéu amarelo procura os benefícios – mas deve ter uma base lógica. O chapéu amarelo é menos natural do que o preto. O pensamento do chapéu amarelo pode exigir muito debate. O pensamento típico do chapéu amarelo é:




  • Isto poderia funcionar se mudássemos a fábrica para mais perto dos clientes!

  • Benefício pode vir de compras repetidas!

  • Alto custo da energia tornaria todos mais eficientes e menos poluidores!


Chapéu Verde


Verde é a cor da vegetação. Verde é do pensamento criativo. O chapéu verde é para idéias criativas, novas idéias, alternativas adicionais. O chapéu verde pede o esforço criativo. O chapéu verde torna o tempo e o espaço disponíveis para o pensamento criativo. Alguns pensamentos do chapéu verde são representados por:




  • Precisamos de alguma idéia nova aqui!

  • Existem algumas alternativas adicionais?

  • Podemos fazer isto de maneira diferente?

  • Poderia haver uma outra explicação?


Chapéu Azul


Pense no céu e numa visão ampla. O chapéu azul é usado para o controle do processo. Este chapéu pensa sobre como estamos pensando. O chapéu azul põe a agenda para ser pensada. O chapéu azul pede resumos, conclusões, decisões e comentários sobre o pensamento que está sendo usado. O chapéu azul é geralmente usado pela pessoa que preside ou organiza a reunião, mas outros podem apresentar sugestões. Seguem-se alguns comentários do chapéu azul:




  • Nós já gastamos demasiado tempo procurando alguém para culpar. Qual o próximo passo?

  • Poderíamos fazer um resumo?

  • Eu acho que devíamos dar uma olhada nas prioridades!

  • Eu sugiro que tentemos o chapéu verde para obtermos algumas novas idéias!


Os seis chapéus fornecem uma estrutura para sair do argumento e entrar na exploração cooperativa do assunto. Os chapéus nos ajudam a separar o ego do desempenho, exigindo de cada um de nós um pensamento diferente. A estrutura do método dos seis chapéus pode dar a alguns um senso de liberdade em que o pensador não está mais limitado a uma posição. Os seis chapéus fornecem um fórum “seguro” para os pensadores decidirem a respeito de uma idéia.


 
Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.