Sensei Melhoria Contínua
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03 de maio de 2016

Última atualização: 25 de maio de 2023

Sensei: quem é esta figura na melhoria continua?

Para que serve o Sensei?

Na FM2S, temos uma preocupação muito grande com nosso propósito: mudar o Brasil, suas pessoas e empresas, por meio da educação. Porém, quando falamos isto, frequentemente somos classificados pela alcunha de teóricos ou acadêmicos, que não sabem que na prática, a teoria é diferente. E o Sensei é o caminho para entender isso.

Quando me defronto com este tipo de comentário, deixo claro que as pessoas não devem confundir educação, com aula. Aulas, são etapas importantes da educação, mas nem de longe, sua única fonte. Para exemplificar o conceito, gostaria de falar neste post sobre a figura do Sensei, tão comum nas artes marciais.

Aqui, gostaria de dar uma outra conotação ao termo Sensei. Gostaria de utilizá-lo para referir-me a um especialista externo as empresas em instrução especializada sobre como atingir a eficácia organizacional. O título Sensei Lean tornou-se há bastante tempo um termo comum para descrever um especialista capaz de proporcionar assessoria em estratégia operacional e organizacional (Lean Six Sigma).

apostila introdução ao lean

Como o Sensei desenvolve as pessoas?

O sensei está principalmente interessado em desenvolver as pessoas para que possam ver as oportunidades e melhorar os próprios processos. Ele quer movê-los ao longo do continum do "Pensar" para o “Fazer” para que eles entendam, não apenas esse processo, mas aprendem a pensar sobre os processos em geral. 

Quando o sensei faz as perguntas, ele está forçando as pessoas a articular sua compreensão para ele. Ele realmente está dizendo "me ensine". Desta forma, ele empurra as pessoas para aprofundar seu próprio entendimento de "pensar", "entender bem o suficiente para explicar a outra pessoa".

Pense no famoso "círculo de giz" de Taiichi Ohno. O "FAÇA ESTE" foi "ficar aqui e assistir o processo". Ele havia visto algum problema e queria que o gerente (infeliz) aprendesse a vê-lo também. Ohno não apontou, ele apenas dirigiu seus olhos. Seu "teste" foi "O que você vê?", essencialmente repetido até que o aluno "conseguiu".

O segundo salto aqui é de "Pense" para "Auto-aprendizagem". Neste ponto, as pessoas aprenderam a fazer as perguntas de si mesmas e de cada uma. Então, quando ele faz suas perguntas, o sensei não está apenas interessado nas respostas como uma verificação de aprendizado, ele também está ensinando perguntas às pessoas.

Essas questões também são uma forma de "reflexão". Eles são uma VERIFICAÇÃO do planejado contra o que foi feito e o que se destinava contra o que foi realizado. O ACT neste caso é pensar no processo de melhoria em si, não apenas o que foi melhorado.

Até que as pessoas aprendam a fazer isso, "Auto-aprendizagem" não ocorre, e a equipe depende para sempre de recursos externos (o sensei, consultores) para se empurrar.

Mas o sensei não acabou. Uma vez que as pessoas têm um senso de auto-aprendizagem, o próximo nível é a capacidade de ensinar aos outros. "Todos os líderes como professores".

Como no ensinar, o Sensei também aprende?

O ensaísta e moralista francês Joseph Joubert disse uma vez: “ensinar, também é aprender”. Eu certamente posso dizer que minhas próprias experiências recuperam isso. Meus maiores momentos de ‘ah-ha’ surgiram quando eu tentava explicar um conceito, não quando estava sendo explicado para mim.

Eu diria, portanto, que um verdadeiro sensei não é tanto aquele que dominou o assunto, mas sim um que dominou o papel do estudante eterno. É o domínio da aprendizagem que diferencia o melhor em um campo.

Assim, o trabalho do sensei não é feito até que ele tenha transmitido essa habilidade à organização. À medida que os líderes desafiam suas pessoas a entenderem completamente o processo, os problemas, para explorar as soluções, os líderes também se desafiam a entender.

Eles testam o conhecimento de suas pessoas fazendo perguntas. Eles testam o conhecimento do processo de seu povo esperando que suas pessoas os ensinem, os líderes, sobre o processo. Assim, fazendo com que as pessoas ensinem, eles conduzem o povo a aprender de maneiras que nunca teriam de outra forma. O líder ensina por ser o aluno. O aluno aprende ensinando. E a profundidade da habilidade e do conhecimento em toda a organização cresce rapidamente e sem limites.

Como o Sensei mudou a minha vida?

Na minha vida de consultor e gerente de melhoria em organizações, conheci muita gente que não tem a menor dificuldade de intitular-se Sensei. Na maioria desses casos, nada poderia estar mais longe da verdade. O propósito real de um sensei é manter seu cliente afastado e a salvo das inúmeras armadilhas que surgem ao longo de seu caminho para a melhoria continua e, ao final, deixa-lo autossuficiente neste rumo.

Em nossos artigos, Sensei é utilizado para indicar um instrutor especializado na construção de sistemas, que desenvolveu profundas habilidades no Modelo de Melhoria mediante experiência e estudo, e que tenha sido treinado por um sensei. Durante o meu Green Belt, fui treinado por dois anos. Não fiz 40 horas de cursos e sai de lá especialista, com todos os conceitos fazendo sentido na minha cabeça. Sai de lá encantado pelo tema e com uma missão de aprendê-lo e aplica-lo. Como disse, foi isto que fiz por longos 2 anos (e algumas dezenas de projetos) até tornar-me um agente de melhoria hábil.

Não existe diploma de sensei, e não creio que deva existir. A experiência na aplicação do conhecimento adquirido ao longo dos Ciclos PDSAs rodados, é o verdadeiro instrutor. O sensei meramente guia o estudante ao longo de uma série de experimentos de aprendizagem. O sensei não evita que o estudante venha a experimentar todos os problemas existentes ao longo da jornada.

Na verdade, parte do aprendizado de um estudante pode consistir em chocar-se com uma ou duas barreiras na estrada, e a partir dos danos sofridos imaginar a melhor maneira de encontrar uma solução. O sensei, no entanto, irá evitar que o aluno caia em sérios erros e riscos por meio de seu firme controle sobre o estudante – de maneira muita parecida àquela pela qual o Sr. Miyagi evitou que Daniel-san fosse longe demais em seu treinamento no filme Karate Kid.

Sensei: FM2S

Na FM2S, compartilhamos deste conceito. Não estamos aqui para vender diplomas de um único curso e nem pregar algo que não fazemos. Estamos aqui para educar nossos alunos na Inovação e na Melhoria de Processos. Coloco-me, depois de 10 anos dedicados ao tema, no honroso papel de sensei dos meus alunos. E, neste papel, tenho obrigação de acompanha-los por meio de suas realizações, que são inúmeras.

Atualmente, estamos numa dezena de projetos atuando como sensei de nossos alunos e ex-alunos. Vê-los progredindo e comandando viradas incríveis, mesmo no meio desta crise, nos alimenta para continuarmos com nosso sonho. Por meio da educação, o Brasil transformará sua gente e suas empresas, pois quanta coisa a gente aprende, depois de aprender a aprender. Abordados no White Belt, Green Belt e Black Belt, além do Lean do PMP.

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Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.